Geração / Político / Autor de: Eleições / Nada / Dinheiro / Eleições / Faces Privilegiado / Este também é o sentido da vida

Acabei de ver a entrevista da Oprah a Meghan Markle e ao Príncipe Harry (já não sei se é Príncipe…). Devo dizer que tenho tanto interesse na vida deles como tenho por uma bolota num dia de nevoeiro. A decisão de ver a referida entrevista tem que ver com toda a celeuma que criou e com os comentários que li e ouvi. O que ouvi era tão risível que decidi, ver a entrevista completa, acima de tudo, pela experiência sociológica que esperava que fosse. E foi.

Não preciso de explicar previamente quem são estas três personagens. São todas sobejamente conhecidas. Há vários pontos de interesse e praticamente todos alicerçados numa premissa usual e que me interessa acima de tudo: As pessoas adaptam-se à vida que têm e não fazem a mínima noção do que é viver noutro nível social, principalmente quando esse nível social é mais baixo. Neste caso, é muito mais baixo.

Há cerca de um ano que o casal se afastou dos deveres da monarquia. A razão foi a pressão dos media. A primeira questão é óbvia: Porquê uma entrevista e uma entrevista com uma das pessoas mais conhecidas do mundo quando o objetivo há um ano foi afastarem-se? E com revelações que certamente teriam o impacto que tiveram. A monarquia inglesa é provavelmente a mais conhecida do mundo. Não era fácil perceber a vida monárquica e o escrutínio a que estão sujeitos todos os dias? Até uma das séries mais conhecidas atualmente é baseada neles…

Num momento da conversa fala-se dos verdadeiros problemas do mundo que levaram Meghan a chorar. Uma discussão sobre vestidos de damas de honor que teve com a sua cunhada. É este o nível de preocupação que se tem quando se está na monarquia.

O tema da raça também é evidenciado (hoje em dia, uma entrevista que se preze, tem que ter alguém que alega ter sido prejudicado por causa da raça independentemente de ser um privilegiado). Parece que a Meghan foi a África e viu na expressão facial das crianças africanas subnutridas a felicidade de ter alguém da sua raça (!) num mundo de príncipes e princesas…

Basta olhar para a cara da Meghan e perceber as semelhanças entre ela e essas crianças. Principalmente quando comparamos com a casa de milhões de euros em que ela vive agora e com os jantares no Royal Albert Hall. Vemos ainda Harry a queixar-se que deixou de ser financiado pela Monarquia quando informou que se ia afastar e que deixaria de cumprir os deveres reais. Insólito…

Esta entrevista é toda ela um ensaio sociológico. Tanto pela comparação absolutamente ridícula e estúpida entre duas pessoas que fazem parte do pináculo do privilégio que alguma vez existiu no mundo (um grupo de pessoas que tem poder e dinheiro por decreto e que o perpetua no tempo por outras pessoas apenas porque são filhos/ familiares deles) como pelo momento em que é dada a entrevista, onde Meghan compara o que sentia no seio da família real com o que sentem as pessoas que estão em confinamento devido à pandemia.

Neste momento em que milhões de pessoas têm os seus rendimentos (já de si parcos) diminuídos, perdem casas, empregos e familiares, temos um casal hiper privilegiado a criar comoção pelo mundo fora, porque foram mal tratados (segundo eles) num mundo de facilidades, privilégios e vantagens onde não cabem 99% das pessoas. Culpado sou eu e outros como eu, ao perder tempo com estes seres.


“Neste momento em que milhões de pessoas têm os seus rendimentos diminuídos, perdem casas, empregos e familiares, temos um casal hiper privilegiado a criar comoção pelo mundo fora, porque foram mal tratados (segundo eles) num mundo de facilidades”


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