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Subsiste, ainda, na cultura popular e política feminista, aquela forma do feminismo dos anos 60 e 70, em que se tentou encaixar as mulheres de forma acrítica num padrão masculino de vida e num modelo masculino de humanidade e cultura apresentado como neutro de género. Por outro lado, a divisão entre o feminismo e outros movimentos sociais é latente: na teoria pós-moderna que o feminismo ajudou a construir, o sujeito universal masculino branco da classe média, teve que renunciar ao seu direito de falar por todos. Pela mesma lógica teórica, este sujeito fez uma espécie de apólice de seguro filosófico contra qualquer voz que unisse os diferentes movimentos que se lhe opõem, o que significa que o seu poder persiste de facto, se não de jure, como nota Teresa Brennan (filósofa). Do mesmo modo, persiste, de alguma maneira, também, uma divisão entre a visão pós-moderna avant garde do feminismo e a visão em termos culturais e históricos a propósito da forma de representação cultural das mulheres bem como da interpretação a dar ao que foi feito pelas mulheres.

O desenvolvimento de  teorias feministas que incidem sobre a construção social do corpo, degradação ambiental, etnocentrismo e neocolonialismo, torna-se essencial na criação de “um novo humanismo”.

O ecofeminismo, termo cunhado pela escritora e ativista feminista Françoise d’Eaubonne, enquadra-se – passe a generalização – nestas teorias. Aparece como síntese entre dois combates, o do feminismo e o da ecologia. O ecofeminismo é, assim,  apresentado como “o início de uma nova ação” que tem como desígnio “um novo humanismo”, o qual, passa por duas coisas: o fim irreversível da sociedade masculina e a solução do problema ecológico.

A cultura ocidental encara a relação humano/natureza de forma dualista. Um dualismo que toma a forma de uma dicotomia, isto é, existe uma relação hierárquica entre as partes ao invés da consideração como diferentes. São vários os exemplos de dualismo: a cultura e a natureza; a razão e a natureza; o macho e a fêmea; a mente e o corpo; a racionalidade e a animalidade; a razão e a emoção; a liberdade e a necessidade ; o humano e a natureza; o civilizado e o primitivo, etc. A natureza surge nestes pares contrastantes como o elemento que deve ser ultrapassado, subjugado. O “outro” destas dicotomias é pensado como falta, carência, negatividade. Neste tipo de pensamento, a associação da mulher à natureza, e do homem à cultura e à razão, mantém o seu valor explicativo no que concerne à opressão das mulheres no Ocidente, da mesma forma que a dissociação face à natureza explica a relação de dominação com a mesma.

A proposta, no quadro do ecofeminismo, é a de erigir uma ética baseada nas virtudes como a amizade, o cuidado e a responsabilidade. Nesta proposta ética, a conexão entre as mulheres e a natureza não se considera nem datada, nem opressiva. Num feminismo ecológico crítico, são as mulheres que se posicionam de forma consciente com a natureza , quer pela identificação de problemas comuns, quer pela reivindicação de mudanças idênticas na forma de perspetivar a relação com as mulheres e com a natureza.

A ideia, segundo a filósofa Val Plumwood, é a de que «homens e mulheres devem mudar a conceção dualista da identidade humana e desenvolver uma cultura alternativa que reconheça plenamente a identidade humana como contínua e não alienada da natureza. A conceção dualista de natureza como inerte, passiva e mecanicista também deve ser desafiada como parte deste desenvolvimento».

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