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Vivem-se dias nunca vistos na saúde da região e do país, com urgências a fechar por todo o lado, e a consciência de que, entre a utopia de um sistema nacional de saúde eficaz e acessível a todos e a dura realidade, vai uma grande distância.

Não sendo perito no assunto, tenho para mim que de que um sistema nacional de saúde a sério nunca poderiam sobreviver à custa de uma sobrecarga inconcebível de horas extraordinárias dos profissionais de saúde, de uma limitação por anos a fio do acesso dos alunos ao curso de medicina, de não se formarem especialistas de urgência, de se impedir que o SNS possa ser igualmente (e mais eficientemente) garantido pelos privados apenas por questões ideológicas. Ou seja, a teimosia ideológica, os excessos do corporativismo, as desajustadas políticas salariais e a falta de mudanças estruturais no sistema contribuíram para o caos instalado.

Um caos que não derivou em graves revoltas populares porque, tal como na educação, na justiça, na habitação e demais áreas fundamentais do Estado, o povo vive num certo conformismo com a fatalidade de que em Portugal é assim mesmo. Os profissionais de cada área lutam, fazem greves, mas fica-se à espera que tudo passe, desde que o salário mínimo aumente, não se perca o rendimento mínimo e as pensões não baixem, e até subam alguma coisinha, mesmo que abaixo da inflação.

O Estado investe milhões na TAP e na EFACEC por questões ideológicas e depois desbarata ali o dinheiro que era necessário, por exemplo, no SNS, sem um pingo de vergonha ou qualquer censura pública, ou mesmo dano político. A governação degrada-se a pontos nunca vistos em Democracia, com um corrupio de Ministros e Secretários de Estado, e agora até do Primeiro Ministro, a deixarem o Governo de forma tantas vezes vergonhosa, e parece que isso se transformou numa nova normalidade, que já não gera qualquer sobressalto popular. Apenas serve para animar os programas de humor, memes nas redes sociais e garantir emprego aos comentadores televisivos.

No resto, pouco importa. Pouco importa escolher alguém que garanta um certa acalmia política e profissionalismo na governação, em vez do permanente e degradante espetáculo a que vimos assistindo. Poucos se interessam verdadeiramente em governações centradas na decisão, na sobriedade, na essência da política e nas alterações estruturais que o país necessita, e menos no show off, na demagogia, em golpes e espetáculos, e em líderes que vivem mais da imagem e do poder a todo o custo, do que interessados na efetiva transformação da vida dos portugueses. Por isso, líderes que poderão garantir um país mais tranquilo e mais centrado no que verdadeiramente importa, como Luís Montenegro no PSD, ou José Luís Carneiro no PS, têm mais dificuldades em afirmar-se.

Porque The Show Must Go On, ele só é garantido com protagonistas que garantam que o espetáculo é para continuar: uns com já comprovada imaturidade política e público fundamentalismo ideológico, como Pedro Nuno Santos, outros com conhecido histrionismo radical, como André Ventura.

 

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