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Todos os dias somos confrontados com perguntas sobre a nossa existência, sobre o que está para lá daquilo que nos é apresentado na vida terrena. E não poucas vezes, damos por nós a proferir frases que atestam o quão ínfimos somos, imersos nesta imensidão que nos esmaga.

A propósito disto gostaria de trazer à discussão uma dicotomia simplista, sobre qual o caminho a seguir;

O da fé?

Ou o da razão?

Parece-me indiscutível que o caminho da fé é o mais cómodo, o mais apaziguador. Desacreditar os sentidos e potenciar a crença, alivia o nosso sofrimento, ou pelo menos atribui-lhe um propósito, o da redenção. Mais duro, parece-me o outro caminho, o daqueles que depositam toda a sua confiança nos sentidos, na ciência.

A ciência é um fardo pesado, é um mensageiro que nos trás más notícias, que nos obriga a pensar, a questionar, que nos torna indefesos, vulneráveis. A perceção do mundo pelos sentidos, o entendimento da vida de um modo racional, lança-nos um alerta de que não basta sermos serenos, obedientes e não basta aceitarmos aquilo que nos é dado. Esta consciência implica-nos no processo e diz-nos que temos de atuar e defendermo-nos, porque estamos a escrever a nossa história em simultâneo com a vida a acontecer. Não acreditamos num guião escrito por alguém exterior a nós. Esse é o desafio dos que desacreditam, dos desconfiados, o desafio de encontrar um sentido, uma justificação para nos superarmos todos os dias, de sermos soberbos nas nossas ações.

Um metafísico assentará a sua vida no seu desenvolvimento espiritual, acreditando que aquilo que lhe foi atribuído e aquilo que está disposto a sacrificar nesta passagem, será o cumprimento de um desígnio, e por isso resignar-se-á, porque acredita que isso lhe valerá a transcendência.

Difícil, é para um ser racional, promover uma mesma atitude de entrega e de dádiva, sabendo que isso não lhe valerá nenhuma recompensa divina.

Acrescento ainda que acreditar no livre-arbítrio é muito mais exigente e desafiante que acreditar no destino. O destino remete-nos para a aceitação, enquanto que o livre-arbítrio exige de nós uma responsabilidade extrema, um compromisso connosco e com os que nos rodeiam.

A fé é um instrumento facilitador, que promove através de um ascetismo moderado a pacificação, permite que os dias decorram sem tormentos irremediáveis, porque no final haverá sempre a salvação.

A razão, pelo contrário, destabiliza-nos, incomoda-nos e remete-nos para uma infinidade de perguntas para as quais não temos resposta.

Como diz o Evangelho, na famosa frase dirigida por Jesus a São Tomé, “Felizes os que acreditam sem terem visto” e é bem verdade!

Então tentando responder às perguntas iniciais, permito-me considerar que atribuir aos sentidos a chave e o caminho para a clarificação das nossas dúvidas é uma opção estimulante, mas que a fé nunca nos falte, porque muito mais há por saber do que aquilo que é sabido.

A fé será como a corda do alpinista, quando o colapso da razão acontecer, ela estará lá para nos salvar, ACREDITO!

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