maria movel do futuro
Fotografia: IMEDIATO/Ricardo Rodrigues

“Olá, eu sou a Maria”. A voz irrompe pelo salão, de tom prestável e sereno, deixando-se disponível para questões, mas sempre invisível. A Maria é uma assistente virtual desenvolvida no âmbito do projeto «Smart Living By Capital do Móvel», capaz de se integrar no mobiliário e, a partir daí, de interagir, assistir e até controlar diferentes aspetos do espaço, como a iluminação ou ventilação.

Esta tecnologia é uma das bandeiras da iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Paços de Ferreira, Associação Empresarial e Moveltex, apresentada esta quinta-feira, que quer colocar ao dispor das empresas do concelho e região as ferramentas tecnológicas para se digitalizarem e desenvolverem o “mobiliário do futuro”.

Em parceria com a Universidade de Aveiro, o «Smart Living» propõe a criação de consórcios de investigação para a criação de produtos inovadores, a promoção de cooperação entre empresas e a união entre vários setores, desde o design ao têxtil e metalurgia.

Para Samuel Santiago, presidente da Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF), inovação é palavra de ordem do projeto, que promete juntar empresas de diferentes setores e concelhos, com vista a incentivar a partilha de conhecimentos e descobertas.

“Quando estamos a concorrer a nível internacional, só em conjunto conseguimos ganhar outra dimensão. Há tecnologia nesta área que já existe e podemos avançar por aí, mas a verdade é que a inovação é algo que queremos, porque queremos criar valor acrescentado no nosso produto e para chegar lá fora e competir”, afirmou o representante.

O projeto já levantou a curiosidade de mais de cem empresas e prevê, a longo prazo, a criação de um centro tecnológico no concelho, com a missão de dotar as empresas de conhecimento científico, potenciar a formação de recursos humanos e obter a certificação de produtos, revelou Samuel Santiago.

“Este projeto tem tudo para dar certo e o que queremos é que dele saia algo palpável, que não fique na gaveta. Acreditamos muito nele”, rematou o presidente da AEPF.

“Já estamos atrasados”

Durante a sessão de apresentação do «Smart Living By Capital do Móvel», que decorreu esta quinta-feira na Quinta dos Jasmins, em Ferreira, o presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, Humberto Brito, apelou à urgência de avançar com o projeto e de colocar ao dispor dos empresários as ferramentas para atingirem o nível tecnológico já existente.

“Sabemos que o mobiliário inteligente já é uma realidade noutros mercados, por isso neste momento precisamos de integrar a tecnologia já existente nas empresas. (…) Esta incorporação vai criar novas necessidades, que podem ter tempo para serem tratadas com a Universidade de Aveiro, para aí conseguirmos apresentar produtos novos e inovadores que nos colocarão num patamar diferenciador”, defendeu o autarca.

Humberto Brito sublinhou ainda que “a inovação e o desenvolvimento demoram tempo”, bem como resiliência, sustentabilidade e capital, e que o tecido económico da região é maioritariamente caracterizado por pequenas e médias empresas, “muitas sem capacidades para projetos de inovação”, que se veriam apoiadas com o «Smart Living».

Segundo o autarca, a iniciativa evidencia a importância da inovação não só para a Capital do Móvel, mas também para a região do Vale do Sousa e Norte, onde as empresas já possuem uma dinâmica inovadora “que outros produtores ainda não têm”.

“Já estamos atrasados e não podemos permitir que este atraso ponha em causa a nossa sustentabilidade”, apelou o autarca.

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