Capão
Fotografia: IMEDIATO/Ricardo Rodrigues

Tem uns imponentes 10,15 quilogramas, quase oito meses de idade, penas reluzentes e demonstra um certo ar presidencial enquanto percorre a tenda de modo vitorioso, aos braços do seu criador. O Capão “Verde Claro”, de António Manuel Augusto, é o grande vencedor do Concurso do Melhor Capão Vivo da Feira de Santa Luzia, que decorreu esta segunda-feira de manhã no coração da cidade de Freamunde.

O nome do galináceo não resulta de batismo, mas do sistema de avaliação usado durante o concurso, criado para que os membros do júri não saibam a proveniência das aves participantes. Identificados apenas por uma fita colorida na pata, cada um dos capões é avaliado segundo critérios pré-definidos – a beleza, saúde, condição, assim como a qualidade da cicatriz da castração e da crista.

Ao microfone, foram anunciados aos presentes na tenda os vencedores da tradicional competição. Com o primeiro lugar ocupado pela ave de António Manuel Augusto, o segundo prémio foi entregue ao Capão “Rosa Forte”, de Manuela Queirós, a produtora de capões mais antiga da região, e o “bronze” ao Capão “Verde Escuro”, de José Neto, da Quinta da Azenha.

“Com o trabalho todo que temos com os animais, é um prazer ter esta recompensa no fim. (…) É preciso estar quase permanentemente atento aos capões, mas vendem-se cada vez mais e é uma tradição muito bonita”, afirmou ao IMEDIATO António Manuel Augusto, que na edição anterior alcançou o segundo lugar.

De acordo com o criador, em busca da excelência e das melhores condições possíveis para a criação das aves, existem várias preocupações no dia-a-dia, desde a qualidade da água, à limpeza constante dos galinheiros, e o acompanhamento veterinário, que acontece todos os meses.

“Um dos fatores mais importantes é a alimentação. Temos de limitar a comida, não se pode dar em demasia principalmente com o avanço da idade, porque se comerem e engordarem muito, os capões acabam por abafar. Isto é algo que acontece muitas vezes”, explica ao IMEDIATO.

Os capões de António Manuel Augusto comem “muita couve, ervas e pão com água”, circulando livremente por um terreno com cerca de 4.000 metros quadrados. “São tratados com muito carinho”, subinha, orgulhoso da sua primeira conquista.

Atualmente a residir em Freamunde, o criador de capões de 68 anos, natural de Trancoso, já está ligado à área há mais de duas décadas. Tudo começou quando ainda estava emigrado em França, onde trabalhava na área da aviação e, fruto de influências familiares – a sua esposa é natural de Freamunde – tomou conhecimento do capão e da qualidade da sua carne.

António Augusto começou por prestar auxílio na produção das aves, que são cada vez mais procuradas na região nortenha de França pela tenrura da sua carne. Vendo-se aposentado, o criador regressou a Portugal e decidiu dar continuidade a uma tradição que, embora não tenha sido enraizada desde a sua nascença, o conquistou.

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