Reuniao AC AEP 1


A visita de António Costa a Paços de Ferreira para uma reunião de emergência com os autarcas dos concelhos de Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras e as autoridades de saúde locais, ARS e Segurança Social, gerou uma troca de acusações entre as distritais do Partido Social-Democrata (PSD) e Partido Socialista (PS).

Enquanto os sociais-democratas afirmam que o primeiro-ministro veio à Capital do Móvel dar um “puxão de orelhas” aos responsáveis locais devido à “desordenação sem paralelo das autoridades de saúde local e da completa desorientação e inoperância dos presidentes das Câmaras Municipais”, os socialistas acusam o PSD de um “comportamento ignóbil” ao usar a pandemia como “pretexto para ataques políticos”.

PSD: “O vírus está a circular na comunidade de forma descontrolada”

Num comunicado enviado às redações, os “laranjas” do distrito do Porto lançam uma série de críticas às três autarquias e ao ACeS do Vale do Sousa Norte, referindo que o vírus “está a circular de forma descontrolada” na região.

“A reunião que António Costa convocou ontem, com caráter de urgência, é a prova inequívoca de uma descoordenação sem paralelo das autoridades de saúde local e da completa desorientação e inoperância dos presidentes das Câmaras Municipais, face ao desenrolar dos acontecimentos”, lê-se na nota do partido.

Assim, para a distrital do PSD, a deslocação a Paços de Ferreira “só pode ser entendida como um ‘puxão de orelhas’” aos responsáveis locais devido ao “desnorte das autoridades sanitárias e municipais, quer pela adoção de medidas contraditórias, quer pelo discurso errante e incoerente”.

Os sociais-democratas apontaram ainda críticas diretamente a cada um dos responsáveis presentes na reunião com o primeiro-ministro, referindo que as declarações de Hugo Lopes a “justificar o aparecimento de 944 casos, nos últimos 7 dias, com as ligações familiares” são “absolutamente irresponsáveis, sem nexo e negligentes”, e ainda que o diretor executivo do ACeS “parece estar atarantado a gerir o caos”

O dedo também foi apontado aos autarcas dos três concelhos: “Paços de Ferreira volta a ser notícia pelas piores razões” depois de Humberto Brito ter sido indiciado numa investigação pelo Ministério Público, em Lousada “a Câmara Municipal também não tem tido, nem capacidade, nem iniciativa, para implementar as medidas preventivas e agilizar os procedimentos” e em Felgueiras “o executivo municipal permanece confinado, deixando à deriva os Centros de Saúde, sobretudo nas diligências que se impunham junto do ACeS”.

PS: “Pandemia não pode ser pretexto para ataques políticos”

A federação distrital do PS reagiu aos ataques sociais-democratas, referindo que “o comportamento ignóbil do PSD revela falta de solidariedade e de sentido de Estado” e que “a pandemia não pode ser pretexto para ataques políticos”.

Assim, os socialistas afirmam ter reagido com “surpresa e indignação” ao comunicado da distrital do PSD, que considera ter lançado “violentos ataques políticos aos autarcas locais e aos responsáveis dos serviços de saúde” da região.

“Repudiamos a visão sectária do PSD, que faz provocações levianas que em nada ajudam ao esforço de contenção da transmissão da Covid-19. Esta pandemia atinge todos por igual. Não conhece ideologias políticas nem opções partidárias”, consideraram os socialistas do distrito do Porto.

Diretor executivo do ACeS afirma sempre ter cumprido com as competências atribuídas

Questionado pelo IMEDIATO, o diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Vale do Sousa Norte, Hugo Lopes, reagiu ao comunicado do PSD Porto, afirmando que “sempre cumpriu com as competências que lhe são legalmente atribuídas ou delegadas.”

Segundo o responsável, tem havido um “alinhamento e articulação permanentes na resposta pandémica” entre o ACeS Vale do Sousa Norte e as instituições do SNS e a tutela, bem como com as autarquias dos três concelhos.

Quanto à afirmação realizada de que as relações familiares têm tido um impacto significativo no aumento do número de casos da região, o ACeS defende que a evidência “surge do trabalho realizado pela Autoridade de Saúde”, sendo “factual”. A sua não divulgação à população “representaria um incumprimento com o dever de defesa do interesse público”, defendeu Hugo Lopes.

O diretor executivo do ACeS aproveitou ainda para apelar à população para o cumprimento das orientações e medidas anunciadas, para o seguimento de “comportamentos preventivos” como uso de máscara e higienização das mãos, bem como para “reduzir os contactos sociais ao seu núcleo de coabitantes”.

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