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O Festival da Eurovisão é, aparentemente,um programa de canções transmitido directamente pela televisão mas é muito mais que isso.. Um conjunto de canções que representam países e, no final, uma ganhará. Mas também não é só isso! É também um festival de Política, onde as canções a concurso mexem com ideias, com mensagens políticas que chegam pelas letras, pelos gestos, pelo vestuário dos concorrentes… Talvez seja também por isso que continua a manter o interesse de tantos, tantos espectadores. É claro que, ouvindo e vendo o que passou recentemente pela televisão, eu não tenha conseguido perceber quem foi melhor, quem foi pior, porque sei, há muito, que a Eurovisão é muito mais que tudo isso.

Após meses de apelos a boicotes, uma canção, a de Israel, recusada, uma letra e nome mudados, a Eurovisão decorreu na Suécia. O cantor da Suiça que venceu, agradeceu a vitória, partiu o troféu e os organizadores do concurso tentaram manter a ideia de que a competição era “apolítica”. Nada disso! Após meses de apelos a boicotes, de apupos na arena, foi possível sentir o descontentamento dos espectadores. Houve protestos, muitos, mesmo assim a canção israelita foi muito votada pelo público. Do lado português, a nossa representante, Iolanda, subiu ao palco na tarde de 6ª feira com um vestido de marca palestiniana, unhas pintadas com referências também palestinianas e apelou à paz! Mas… a política da Eurovisão não deixou ver as unhas da artista, não foi realçada a pintura sugestiva dos olhos e a intérprete portuguesa, Iolanda, como outros, queixaram-se da falta de atenção e de conforto…

Este festival era, terá sido, pois assim defendiam os organizadores, um festival organizado como não sendo político… O regulamento, como constava, proibia as mensagens políticas nas letras das canções, dos gestos, do vestuário… Foi mesmo isso? Não, não foi. A política esteve lá, inteirinha. Mesmo que aa Rússia já tivesse sido excluída, Israel não foi. A canção de Israel esteve a disputar um lugar no festival e todos os que nela votaram, os portugueses também, fizeram-no de forma a apoiar a actuação israelita nesta guerra… Entretanto, bem sei, houve muitos apoiantes ao boicote de Israel no festival mas o programa inicial continuou. Entretanto, convirá também repetir, a nossa representante, Iolanda, contrariou as regras: o vestido, as unhas, o apelo final à paz, confirmou isso. E isso parecia ser uma coisa razoável, mas também não foi. Os mais atentos, viram que ela foi sancionada. Os canais oficiais da Eurovisão quase ignoraram a sua actuação. Iolanda não foi hipócrita, apesar da censura de que foi alvo. Foi honesta e representou bem Portugal. Obrigada à Iolanda e a todos os que a acompanharam na competição! Gostei muito da actuação e o que ela fez, mais do que a integração num Festival Eurovisão da Canção, foi o estar presente numa competição de países e não de canções. A ser assim, é um concurso político, também.

Disto tudo, que não é quase nada nesta embrulhada de cantigas a concurso, o festival da Eurovisão, merece uma reflexão profunda pela forma como é organizado e como vem a decorrer. É claro que ainda é cedo para perceber todas as consequências do que se passou. Ainda é muito cedo, parece. Mas também é possível perceber, para já, que um concurso da Eurovisão tem, em cada ano, um enorme desafio pela frente…

Iolanda, a nossa representante, portou-se muito bem e merece uma boa explicação sobre o que lhe aconteceu. A política não deveria ter estado ali…

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