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Nas últimas semanas temos sido brindados com toda uma série de episódios desse “reality show” que ocorre no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP. Estes episódios, desde logo, permitem verificar aquilo que, se não tivéssemos a certeza, intuímos: os políticos focam-se no interesse pelo poder e não no interesse público.

Simultaneamente, assistimos a uma degradação do institucionalismo, que parece ter, definitivamente, sido colocado ao nível da mensagem do “whatsapp”. Na verdade, podemos considerar até como corolário da atuação do político na contemporaneidade. Ele quer ser o tipo que atende a todas as solicitações, o tipo “porreiro”, o paladino da transparência e da igualdade, uma espécie de gestor “trendy” que se quer afastado da forma eminentemente política, que na realidade determina a sociedade na sua essência. Não se trata sequer de um afastamento consciente da forma clássica, mas de uma espécie de pós-política. O combate, que se reivindica de político, na ausência de ideias de modelo de governação, centra-se em ataques às pessoas que ocupam os cargos: a crítica à atuação estratégica das instituições geralmente não apresenta alternativa. Neste contexto, a degradação das instituições torna-se um facto comprovado pelo espetáculo que chega a atingir foros de pornografia, o qual se desenrola perante nós. Tal como noutros “reality shows”, o recurso à pornografia, mesmo que implícita, torna-se obrigatória para alimentar todo o ecossistema “erótico” baseado no opinar fácil. O eros, implica paixão, um estado de espírito efémero. Com afinidade com a pornografia, que por se tornado universalmente acessível, condenou a sexualidade à indiferença ou a perceções míticas da mesma, este tipo de acontecimentos acaba por ter o mesmo efeito: tona-se realidade o aumento crescente da indiferença face à política ou, em contrapartida, a adesão a formas míticas da política baseadas naquilo que se convencionou chamar populismos.

Sociedades, como a nossa, baseiam-se numa ideia de Estado no qual a soberania se concentra nas instituições. A degradação destas, por qualquer tipo de atuação, coloca em causa a soberania e consequentemente o Estado. É isso que realmente pretendemos? Se sim, qual é a alternativa? A resposta a esta pergunta, a qual implica uma opção relativamente à questão primeira, é demasiado complexa para se explanar no contexto de um artigo de jornal. Mas, a complexidade desaparece no caso da opção negativa a essa questão, por parecer claro que as instituições têm que ser defendidas, independentemente da crítica que se possa realizar ao modelo que as mesmas adotam no quadro da sua ação. Deste modo, o institucionalismo não só é defensável, como absolutamente necessário no relacionamento político a bem da credibilização da política. Por seu turno, é missão de todo o cidadão, por muita degradação que possa presenciar, não virar as costas à política: a perseverança relativamente à organização de sociedade em que acredita, deve ser vista como dever, mas também, como um direito do qual não devemos, nunca, abdicar.

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