Passaram-se anos desde a detenção de um ex-primeiro ministro que ocupou muitos dos meus textos do passados e por isso fui procurar algumas das coisas que já escrevi. Nesse exercício dei por mim a ler coisas que não foram momentos, mas que fazem parte da minha essência.
Algures de 2010 escrevi: “Todas as opiniões dependem do local onde nos encontramos, ou seja, se estivermos no topo da montanha, o meio fica abaixo, se estivermos no sopé da montanha o se meio fica acima… logo tornasse difícil de nestas questões de opiniões conseguirmos dar razão ou retirar razão a quem quer que seja dado que essa opinião é unicamente a perspetiva que a sua posição permite.” Hoje em 2025 vejo-me a ter determinadas posições e opiniões que de facto sofrem por eu ter passado, vivido, sentido as dificuldades que naquele momento do tempo eu desconhecia. Tive oportunidade de viver momentos que hoje me fazem compreender o mundo com outras cores e outros sabores.
Revisitei um artigo também de outubro 2010, muito interessante “Vote Tiririca, pió qui tá num fica”, que versava sobre as eleições brasileiras e o descrédito que se vivia na política, e relembro algumas das pérolas dessa personagem: “O qui faz um deputado? Eu num seí. Mas votí em mim qui eu ti conto”, são coisas que o tempo nos faz esquecer, quando relembramos ficamos com um sorriso momentâneo, mas se formos sérios e conscientes este foi o início que levou a um processo onde acabamos com um Bolsonaro no governo do Brasil, não podendo esquecer que também foi depois de um processo em que Lula da Silva acabou preso… Agora surpresa final: atual Presidente do Brasil é nem mais nem menos Lula da Silva!!!
Ora isso levou-me a 2018 onde já escrevia sobre o processo Sócrates: “não posso aceitar aquilo que parece uma “campanha pública” em que já estão todos a antecipar que o Juiz Ivo Rosa vai anular o processo por erros de instrução do mesmo, porque este juiz é “dos outros” e não porque pede vir a detectar erros de instrução que levem a anulação do processo e se o condenar é só porque o estão a obrigar” sabemos agora que a decisão foi a que foi e posteriormente foi anulada novamente… escrevi também nesse artigo: “A maior vitória da justiça portuguesa será condenar um Ex-Primeiro-Ministro como condenaria um qualquer outro cidadão desde que tenham cometido crimes iguais e dentro de um mesmo quadro legal”, ora olhando ao que se passa começo a acreditar que é impossível já que a Justiça Portuguesa ou o cidadão José Sócrates possam reclamar qualquer vitória no final deste processo…
A nossa opinião é a nossa opinião, mas o facto não é opinião, o facto necessita de prova e no final ou esta certo ou esta errado. Temos de saber aceitar as opiniões e os factos, mas mais importante saber distinguir entre os dois para aceitar o certo e o errado.
Não é fácil aceitar e lidar com esta realidade, temos de saber que para subir uma montanha nunca há caminhos fáceis, mas para a descer há sempre atalhos… depende do estado em que queremos chegar ao fundo da montanha!!!