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Sporting Lisbon's Portuguese coach Ruben Amorim looks on during the UEFA Europa League last 16 second leg football match between Atalanta and Sporting CP at the Atleti Azzurri d'Italia Stadium in Bergamo on March 14, 2024. (Photo by GABRIEL BOUYS / AFP)

Rúben Amorim mostrou que o talento e a qualidade vão muito além do que possa ser aprendido em qualquer curso. Aos 39 anos, o treinador português teve um crescimento exponencial na Liga Portugal e é hoje um dos nomes mais desejados pelos maiores clubes do Mundo. Ainda sem saber se o seu futuro será o Liverpool, o presente é no Sporting e o foco na luta por títulos no futebol português.

O nome de Rúben Amorim tem feito correr muita tinta na imprensa nacional e internacional nas últimas semanas. O treinador do Sporting tem sido insistentemente associado à sucessão de Jürgen Klopp no Liverpool ao ponto de ser noticiado que o português já tinha chegado a um acordo verbal com os reds, entretanto negado pelo emblema inglês.

O problema do curso

Após uma longa carreira como jogador que atingiu o patamar de internacional, Amorim decidiu seguir para a carreira de treinador aos 33 anos e o seu crescimento foi ascendente e exponencial. Deu nas vistas ao serviço do Casa Pia, onde o seu nome esteve envolto em polémico devido à questão do curso de treinador – multado em 14 mil euros e suspenso um ano de qualquer atividade por parte da Federação Portuguesa de Futebol antes de subir mais um degrau.

O Tribunal Arbitral do Desporto acabaria por reverter a decisão do organismo que tutela as competições não profissionais em Portugal, como é o caso do Campeonato de Portugal, e Amorim recebeu o convite para integrar a estrutura técnica do Braga na época seguinte (2019/20), então como treinador da equipa B. Para trás tinha ficado a possibilidade de assumir os sub-23 do Benfica, como viria a ser confirmado mais tarde pelo agora antigo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira.

Três meses e oito vitórias em 11 jogos pelos “bês” dos minhotos bastaram para ganhar a confiança do presidente António Salvador para suceder a Ricardo Sá Pinto no comando técnico da equipa principal do Braga, uma aventura inicialmente assombrada pelas críticas duras da Associação Nacional dos Treinadores de Futebol.

boom de Amorim

Rúben Amorim foi um dos principais precursores do regresso do 3-4-3 como sistema. Sentia-se confortável a jogar nesse esquema quando era jogador e foi mestre na arte de o implementar no momento de assumir a sua própria ideia como treinador. Mesmo quando as coisas não correram da melhor forma, não desistiu da ideia.

A estreia foi inesquecível (1-7 frente ao Belenenses, no Jamor) e o primeiro mês terminou de forma memorável com a conquista da primeira de três Taças da Liga que conta atualmente no seu palmarés, após triunfos frente a Sporting (2-1) e FC Porto (1-0). No total, foram oito vitórias nos oito primeiros jogos (recorde no SC Braga!), e na retina ficou ainda a vitória na Luz, frente ao Benfica (0-1).

Em fevereiro de 2020 não se falava noutra coisa em Portugal. O fenómeno Rúben Amorim causava sensação e a bomba estava prestes a explodir. A 5 de março desse mesmo ano, o Sporting confirma a contratação do então treinador do SC Braga na CMVM, por uma verba de 10 milhões de euros, dividida em duas tranches, para ser o 4.º treinador dos leões em 2019/20… e o terceiro mais caro do mundo.

O início de uma nova era em Alvalade

Sem “esconder o passado” de “fanático pelo Benfica”, principal rival do Sporting, Rúben Amorim teve como primeiro grande desafio conquistar a confiança dos adeptos sportinguistas.

A 20 pontos da liderança, o Sporting tinha como principal objetivo assegurar a qualificação direta para a fase de grupos da Liga Europa da época seguinte. Perdeu essa luta para o… SC Braga. Mas ganhou um grupo. Aproveitou os 11 jogos da época 2019/20 para fazer uma espécie de teste ao plantel e limar arestas para a época seguinte.

O início de 2020/21 foi difícil, muito por conta da eliminação surpreendente aos pés do LASK Linz nas pré-eliminatórias da Liga Europa, que deixou o conjunto de Alvalade sem o prestígio e dinheiro da Europa e limitado às provas internas.

A bonança depois da tempestade

A confiança do presidente Frederico Varandas manteve-se inabalável. Rúben Amorim era visto como treinador de futuro e capaz de potenciar jogadores. Assim foi. Logo na primeira época, o treinador projetou nomes como Pedro Porro, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes e Matheus Nunes e adotou a postura do “jogo a jogo” até à vitória final da Liga, 19 anos depois da última conquista, tendo ainda guiado os leões à vitória na Taça da Liga.

A desconfiança perdeu rapidamente o prefixo e Rúben Amorim passou a ser um elemento agregador no reino do leão, um nome consensual e forte, dentro e fora de campo, com uma capacidade comunicativa acima da média e um estilo de jogo inconfundível, sem esquecer a “teimosia” em alguns dossiês de mercado.

Após um 2021/22 com dois títulos (Supertaça e Taça da Liga), o ano de 2022/23 foi talvez o mais duro de Amorim no comando técnico do Sporting, em que terminou no 4.º lugar da Liga, apesar de ter atingido os quartos da Liga Europa, antes de voltar à rota do(s) título(s) em 2023/24.

O treinador do conjunto verde e branco acertou nas contratações de Hjulmand e Gyökeres e tem protagonizado uma caminhada irrepreensível, na Liga e na Taça de Portugal, mostrando uma consistência extraordinária, que o projetou também a si para a alta roda do futebol mundial.

Hoje já poucos falam dos 10 milhões que o Sporting pagou ao SC Braga. Agora fala-se em quanto é que os leões podem receber de um grande clube estrangeiro para libertar um treinador que tem contrato válido até 2026 e que ganhou o respeito e a empatia junto dos adeptos sportinguistas, como há muito não se via em Alvalade.

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