Dayane Souza, a mulher de 35 anos que a 16 de fevereiro matou o companheiro à facada na casa que partilhavam em Sousela, Lousada, reconheceu em tribunal que esfaqueou o homem naquela noite, na sequência de uma discussão, mas negou que o quisesse matar.
“Nunca na vida tive intenção de o matar, eu amava-o, era o pai do meu filho. Eu posso ir presa porque fui eu que o matei, mas o meu filho vai crescer a saber que foi a mãe que matou o pai”, disse ontem no Tribunal de Penafiel, no arranque do julgamento.
Segundo a mulher, que se encontra em prisão preventiva, o relacionamento de 14 anos com Joaquim Teixeira, de 53 anos, e da qual nasceu um menino (hoje com 19 meses e à guarda de uma irmã da arguida), sempre foi pautado por episódios de violência constantes, com agressões mútuas, verbais e físicas. Contudo, a mulher nunca apresentou queixa. “Não tinha para onde ir, não tenho cá família”, disse ao Tribunal.
Nessa noite de 16 de fevereiro, o casal tinha saído para jantar e, segundo a arguida, Joaquim Teixeira tinha bebido muito. Apesar de ter dito ao coletivo “que só tinha bebido um copo de vinho”, a mulher apresentou uma taxa de alcoolemia de 2.13 g/l . E foi quando chegaram a casa, que iniciaram nova discussão que acabou com Joaquim Teixeira atingido pela mulher com sete facadas, uma das quais no coração que se revelou fatal. Ao Tribunal, a arguida contou que a vítima a agarrou pelo cabelo, empurrando-a contra a banca. “Tentei tirar as mãos dele da minha cabeça, agarrei-lhe o pescoço, mas não consegui. Comecei a chorar e a gritar e ele dizia-me que me ia partir o pescoço e que a seguir partia o pescoço do menino. Foi então que tentei agarrar alguma coisa na banca e peguei na faca e cortei-o”, relatou.
Contudo, negou a intenção de matar o companheiro. “Só o queria magoar, para que sentisse dor e me largasse, não o queria matar”, referiu, não sabendo responder quando confrontada com a profundidade dos golpes. “Eu não faço ideia do que aconteceu”, acrescentou.
Dayane Souza diz que depois do ocorrido, o marido insultou-a e saiu da cozinha. “Depois voltou a entrar e caiu. Mas eu estava de costas e na minha cabeça achei que se ia sentar e tinha caído porque tinha bebido muito”, contou.
Ao Tribunal, a arguida reconheceu que não tinha sido a primeira vez que tinha usado uma faca para se defender do companheiro, o que já tinha levado Joaquim Teixeira a apresentar uma queixa na GNR contra a mulher, em 2017.
