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No meu último escrito, refleti sobre a gratidão, a propósito do centenário do nascimento de José Saramago e da sua passagem por Penafiel. Nessa ocasião, estava longe de imaginar que voltaria a escrever sobre a gratidão, inspirado noutra pessoa que admiro, Susana Oliveira, que termina funções como Vereadora da CM de Penafiel.

Conheci a Susana por volta do ano de 2005 quando, ainda muito jovem, se candidatou à Junta de Freguesia de Portela. Foi eleita, e ficou a exercer as funções de Secretária da Junta de Freguesia.

Confesso que, na ocasião, não percebi a razão por que o José Maria Teixeira, o candidato e futuro Presidente de Junta, a escolheu para a lista, e para essa missão em particular. Mas não demorei muito a entender.

Não me esqueço da primeira vez que a ouvi a intervir, já eleita, no meio do campo de futebol da Portela, cheia de entusiasmo e vivacidade. Do assunto não me recordo, mas lembro-me bem do modo como a população se mostrava magnetizada com as suas palavras. A partir de então, sem que ela se apercebesse, segui o seu percurso de jovem interessada pelas causas em que se envolvia, fossem grandes ou pequenas, com maior ou menor impacto.

Quando, em 2009, a convidei para Vereadora, muitos ficaram admirados e até receosos da sua capacidade de resposta aos desafios que tinha de enfrentar. Eu não. Sabia já que se iria tornar numa surpreendente vereadora. E não estava enganado. Rapidamente a Susana Oliveira mostrou ter uma inesgotável capacidade de trabalho, ser dona de um fervilhante poço de ideias, deter uma facilidade de trabalho em grupo, uma sincronia com a equipa de governação municipal e com os serviços que dirigia, e uma contagiante alegria no trabalho.

A seguir já a ninguém admirou que se candidatasse a uma luta renhida pela presidência na JSD de Penafiel, tendo sido eleita sua Presidente e, a seguir, vogal da Comissão Política Nacional. Foi Vice-Presidente da Câmara na sequência das eleições autárquicas de 2013 e de 2017, ano em que decidiu abdicar do segundo lugar na lista, para permitir a entrada do seu Vice-Presidente da Comissão Política em lugar elegível para a vereação. Antes, ainda disputou outra eleição interna, para Presidente do PSD Penafiel, que venceu, vindo ainda a ser eleita para um segundo mandato. Entendeu, depois e livremente, não concorrer a um terceiro mandato, para dar novamente lugar novamente ao seu Vice-Presidente, na Presidência do PSD.

No movimento associativo, conseguiu, com os seus pares da Associação de para o Desenvolvimento da Portela, algo absolutamente incrível: é única IPSS do concelho de Penafiel que presta serviço social permanente à população, desde 2011, sem receber um cêntimo da Segurança Social.

Milagre? Não sei. Mas quem estiver atento às imaginativas iniciativas desta associação – tal como da sua fundadora e equipa -, talvez perceba porque se substituem ao Estado que não a apoia, sem nunca deitar a toalha ao chão. Porque será que é a IPSS fundada pela Susana Oliveira a única do concelho de Penafiel a não ter apoio do Estado, mas que, ainda assim, continua a sua missão social? Um enigma.

A Susana é assim. Trabalhadora, generosa, leal, inspiradora, encarando o serviço público com honestidade, seriedade e alegria. Não admira, por isso, a legião de penafidelenses que, na hora da sua inesperada saída, lhe prestaram reconhecido tributo, em público e em privado.

Por tudo isto, também lhe estou grato. Profundamente grato. Como cidadão, como amigo, como responsável político. Sejam quais forem as razões que a levaram a sair, nunca serão tão fortes como as que a deveriam fazer voltar.

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