O Auditório do Hospital de São Gonçalo, em Amarante, encheu-se de profissionais de saúde, especialistas e convidados para o 2.º Congresso da Urgência Pediátrica da Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa (ULSTS), dedicado ao tema “Cuidar da Criança Hoje”.
Organizado pela equipa de enfermagem do Serviço de Urgência Pediátrica, o encontro foi um espaço de diálogo, partilha e inspiração, onde se debate o presente e o futuro dos cuidados pediátricos, com foco na humanização, na empatia e na importância de colocar a criança no centro do cuidar.
Na sessão de abertura, Isabel Gomes, enfermeira responsável do Serviço de Urgência Pediátrica (em substituição), descreveu o Congresso como “um encontro que reúne profissionais na arte de cuidar da criança”. Sublinhou que esta é “uma área que exige técnica, sensibilidade e, sobretudo, empatia”, acrescentando que “este é um espaço de diálogo, troca e inovação do cuidar pediátrico, onde a enfermagem humanizada se faz sentir em cada gesto”.
Para Edite Tomás, diretora do Serviço de Pediatria, “o Serviço de Urgência é a porta de entrada da instituição, por onde entram pessoas em grande vulnerabilidade e ansiedade, sobretudo quando se trata de uma criança. Nenhum pai consegue tolerar a dor de um filho.” Referiu ainda que “os modelos familiares e os desafios sociais mudaram” e que “trabalhar na urgência exige muito mais do que conhecimento técnico: é preciso escuta ativa e humanidade para cuidar melhor das nossas crianças e jovens”.
Em representação do Conselho de Administração da ULSTS, José Ribeiro, enfermeiro gestor do Departamento de Urgência e Emergência, destacou que “para além da componente técnica, este Congresso reflete um compromisso ético e profissional da enfermagem”. Sublinhou ainda a importância do equilíbrio entre tecnologia e humanização, defendendo que “cuidar da criança é cuidar do amanhã e cuidar do adolescente é acreditar no amanhã”.
Já Miguel Vasconcelos, presidente do Conselho Diretivo Regional Norte da Ordem dos Enfermeiros, sublinhou o papel da ciência e da partilha. “Onde há conhecimento e ciência queremos estar presentes. A reflexão, a dúvida e o debate é que nos fazem evoluir, é investir na saúde das nossas crianças. Estes enfermeiros, no Serviço de Urgência, garantem o amanhã com técnica, perícia, sensibilidade e empatia.”
Durante o dia, o programa do Congresso percorreu diferentes dimensões do cuidar pediátrico. A primeira mesa, “De mãos dadas com a criança: o percurso do SNS”, centrou-se na reorganização dos serviços de urgência pediátrica e no papel essencial do enfermeiro na triagem. Seguiu-se “Ser criança: conexões essenciais”, uma reflexão sobre a importância do brincar, os desafios da ligação digital e os contributos da enfermagem para a promoção da saúde infantil.
A tarde trouxe novas perspetivas com “Perturbações do espetro do autismo – Pontes para a inclusão”, onde foram apresentadas abordagens complementares de cuidados, incluindo o projeto Via Azul, que tem vindo a transformar o atendimento em contexto de urgência. O dia terminou com a mesa “Adolescência: vulnerabilidades e resiliência”, dedicada à transição para a idade adulta, à identidade de género, à saúde mental e aos desafios que se colocam aos jovens em situação de urgência pediátrica.
O 2.º Congresso da Urgência Pediátrica prossegue amanhã, 4 de novembro, com novas mesas de debate dedicadas à segurança da criança em situações de urgência, à resposta eficiente em contexto pediátrico, e workshops teórico-práticos sobre diabetes tipo I e acesso venoso central em pediatria.
Mais do que um congresso técnico, este encontro é um espaço de partilha de emoções, conhecimento e humanidade, onde se reforça a ideia de que cuidar da criança é cuidar do futuro.
