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Acabei de ler um livro que é, afinal, uma longa entrevista feita por um jornalista a um homem conhecedor. Um homem experiente que é professor, escritor, filósofo e, sobretudo uma pessoa que sempre tentou aprender a viver da melhor forma possível. Que soube aprender, aproveitando a passagem do tempo…

Com este livro, com este entrevistado, aprendi, ou melhor, confirmei que a leitura continua a ser essencial. E hoje lê-se tão pouco…Em Portugal, mas também no Reino Unido, na França, nos Estados Unidos, sendo possível confirmar que o quase fim da leitura é hoje um cenário real. Chegada a essa constatação, é forçoso tentar descobrir algumas das causas que provocam essa situação. Assim, para além das redes sociais, para além dos livros de estudo, tantas vezes escritos em linguagem tão pouco acessível, os programas ensinados nas Escolas, hoje, não estão de acordo com o que é essencial para saber ler ou saber escrever.

Dedicam-se, por exemplo, horas e horas a ensinar regras de gramática, espantosas, que os alunos têm de decorar… Os alunos, hoje, são obrigados a fixar centenas de nomes estranhos e difíceis, que não vão servir para quase nada. Refiro-me às regras e excepções, às designações gramaticais que os vão massacrar e que os vão penalizar se falharem nas provas de exame de Português.

Que lhes interessa saber se o adjectivo é superlativo absoluto sintético? Ou se determinada expressão é o nome predicativo do sujeito? Para que é que isto serve se o essencial é aprender a ler? Ninguém pode ser feliz a decorar regras de gramática, isso não faz bem a ninguém! É claro que tem de haver bom senso, sabemos todos que é preciso saber gramática para escrever bem mas, sem a loucura de decorar nomes, designações difíceis que não vão servir para quase nada… A Gramática da língua portuguesa é dura, muito difícil comparada com outras línguas não latinas mas, só isso não pode fazer um leitor feliz…

E volto atrás, ao tal livro que acabei de ler e que também me ensinou. Recordei que o leitor é também um criador e confirmei que, lendo, se descobrem coisas maravilhosas.

Que há sempre sentimentos, outros, escondidos entre as palavras que fazem um verso… Que em qualquer texto que é objecto de leitura, também é possível ler nas margens e descobrir outras coisas para além do que lá está… Recordei ainda que a língua portuguesa, mesmo difícil, pode sempre contar a nossa história e outras histórias que pareciam encobertas e que aparecem para evitar o esquecimento…

Isto tudo e muito mais é possível com a tarefa da leitura. Mesmo quando já se esqueceram as designações estranhas do compêndio de gramática que os alunos continuam a ter de “empinar”.

Ensinar a ler é, simplesmente, ajudar a descobrir o texto que é, quase sempre, maior que aquele colocado diante de nós. Ensinar a ler é ajudar a encontrar o que parece escondido já que, tantos textos, parecem ter costas que nos impedem de ver o que está de um e outro lado… Se assim é, professores. jornalistas, entrevistadores, autores… devem colaborar, facilitando uma tarefa que parece difícil e não é. Tente-se encontrar uma linguagem melhor, mais clara, que facilite a tarefa da leitura. Para combater a enorme falta de leitura, o que é mesmo preciso é incentivar a ler. Ler para descobrir, ler para achar o que parece encoberto até poder chegar ao mundo enorme que a leitura nos traz. Afinal, o que é mesmo preciso, é ler, simplesmente! Se cada um de nós o fizer, cada um de nós é também um criador!

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