jaime neto

A propósito dos esclarecimentos públicos do Responsável do Centro Hospitalar Tâmega/Sousa à tragédia provocada pela pandemia devido ao Covid 19 no Hospital Padre Américo.

Ouvi as declarações do meu compatriota responsável máximo do malogrado Hospital Padre Américo, nas reportagens do Polígrafo da SIC e da RTP. Fiquei esclarecido!… Fiquei a saber que:

A culpa foi do covid 19. O bandido investiu no Vale do Sousa, qual Tsunami avassalador, sem respeitar nada nem ninguém. O mal agradecido não se contentou com o sacrifício que lhe dedicamos na primeira vaga, quando nos deu a honra de sermos os primeiros a recebê-lo no nosso País. Sim, porque o bicho não se limitou a criar uma “pandemia só para o nosso País”. Pela boca do nosso esclarecido entrevistado, em pose didática, ficamos a saber que o “atrevido” provocou uma “pandemia (imagine-se!) mundial” (inédito!…).

Quando ainda recuperávamos da primeira investida, a bom ritmo e em segurança (“muito bem apoiados pela tutela”), o covarde, já conhecedor da região e insensível à nossa pretérita hospitalidade, atacou sem avisar com insuportável violência. Nem sequer levou em consideração o facto de o Hospital Padre Américo ser responsável pela maior área (população) de referência direta do País (muito acima da programada aquando da sua criação). Perante a “surpresa”, o diligente entrevistado enviou um email aos seus superiores a pedir camas e recursos humanos. Sim, teve que recorrer a este expediente porque, por lei, não lhe era conferida a autonomia de gestão que a (i)responsabilidade do seu cargo exigia (…está desculpado!).

Que mais podia fazer o nosso “competente” gestor?!… Deu o tempo devido à tutela e apelou à solidariedade dos colegas gestores de outras unidades hospitalares públicas e privadas. Mas estes colegas não conseguiram ser tão solidários quanto a dramática situação reclamava. Contou com os profissionais do hospital. Estes sim, mereceram todo o seu reconhecimento, foram os heróis que estoicamente aguentaram situações indescritíveis, documentadas pelas imagens terceiro-mundistas divulgadas pela comunicação social. Merece particular atenção a que mostra a cena, pateticamente triste, protagonizada por Enfermeiros no limite da exaustão. Documento que mereceu do Gestor grande elogio, por se tratar de uma “bela” imagem, digna de figurar num museu.

Valeu, por fim, a vinda de Sua Excelência a Ministra que, de imediato, apenas com a sua presença, conseguiu aliviar o hospital de uma data de doentes graves. Ratificou contratos de recursos humanos, anunciou, confirmou e promoveu o envolvimento de todos os serviços públicos disponíveis e garantiu a colaboração de entidades dos setores privado e social… Mas até foi mais longe…garantiu que, finalmente, será adquirida a Ressonância Magnética, prémio e coroa de glória da (in)eficácia do gestor do hospital. Mas não se ficou pelo hospital…, dignou-se (a contragosto) premiar os Responsáveis pelas Autarquias da região atingida com uma “frutuosa visita” à sede da Comunidade Intermunicipal Tâmega/Sousa.

Pronto, assim com a inestimável ação da tutela foi vencida mais uma batalha nesta maldita e catastrófica guerra pandémica!…

Foi então que me veio à memória outra catástrofe do Vale do Sousa, a da queda da ponte de Entre-os-Rios. Nessa, o Ministro da tutela (Dr. Jorge Coelho) demitiu-se, para que a culpa não morresse solteira. Na catástrofe do Hospital Padre Américo, a Ministra da Saúde foi mais eficaz… casou a culpa com o covid 19. E assim, quando chegar a Vacina elimina-se o casal de uma só vez.

Porto, 24 de novembro de 2020

Jaime Neto

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