Saudade/Contra o medo… esperança!
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Da leitura diária dos jornais é possível deduzir ideias, erros, desejos, ataques e defesas daquilo que mais convém a quem escreve ou a quem lê… Sim, continuo a procurar tudo o que quero ler, registado no papel e nos livros, imensos, que leio (uma marca que herdei…) e onde estão assinaladas ideias, imperdíveis, que procuro guardar…

Isto vem a propósito dos textos de opinião que leio sempre, mesmo que discorde muitas vezes do que leio. Nos jornais locais, naturalmente, nos jornais diários, quase sempre mais oportunos ou sugestivos. Que nos ensinam e alertam, mesmo porque sempre defendi que também se aprende com o erro! Assim, às vezes, há falhas ou propósitos que nos travam ou impedem de prosseguir… Outras vezes, o contrário! Também se encontram títulos sugestivos que podem, ou não, estar desenvolvidos ou confirmados nas linhas que se escrevem.

Li, recentemente, um título que me propõe um comentário que pode estar de acordo com quem o escreve. Diz assim: “Tudo é vaidade e carreira?” e, na escolha da frase que introduz esse texto, pode ficar quase tudo dito. De José Mário Branco, diz assim essa frase-chave que também me serve de motivação: “Disseste um dia que tudo vale a pena, tornar as almas mais pequenas é que não.” Eu poderia ficar por aqui, aqui diz-se tudo, mas não, entendo ser melhor continuar… Quem escreve o texto é Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, em quem já votei, em quem já não voto, actualmente. Defende-se, com razão, de dois colunistas de direita que a atacam pela sua integração na Flotilha humanitária a caminho de Gaza… Defende o primeiro colunista que, “a não ser que sejamos presidentes ou generais, devemos saber dedicar-nos só, a pequenas causas.”Disparate, penso eu.

Diz o outro colunista que, na Flotilha para Gaza, se está a apostar numa carreira no activismo internacional, quando se está ” farta do Bloco” e se resolve ” abandonar o posto.” Que exagero, digo eu! Afinal, não vejo outros corajosos, capazes de enfrentar os perigos e os desafios que esta medida impõe. Vejo, até hoje, muita conversa, muitas bandeiras e lenços que se agitam e… pouco mais se faz, pouco mais vejo fazer.

É claro que Mariana Mortágua segue na Flotilha por razões políticas e que também são pessoais. Acredito que o faz porque se sente útil assim, porque é corajosa e porque outros ainda o não fizeram… O que ela e outros como ela estão a fazer, envolve muitos riscos, muitos desafios, muitas dificuldades, muita insegurança também. Não me incomoda que ela, uma jovem política, inteligente, o tente fazer. Tudo o que se possa fazer para arredar o sofrimento do povo de Gaza é pouco, muito pouco para o horrível que aquele povo está a viver…

O gesto de Mariana, de muitas Marianas, é só uma tentativa de confronto e de luta contra as bombas de Israel, a que se junta a fome, a doença, o desespero de um povo cansado de sofrer. Afinal, Mariana é só uma entre tantos que tentam passar à acção por esta causa: a vida normal das pessoas em Gaza! Com paz! Com liberdade!

Há muita gente que sabe o que valem estes actos mas que não passa sem criticar… Mesmo que já tenham aprendido na Escola o que diz a Constituição sobre direitos humanos, a autodeterminação dos povos e o direito à paz social! Se é excesso de ambição de Mariana e de outros, como ela, o que se pode tentar fazer? Nada. Afinal, vejo tanta gente capaz a fazer menos e que se põe em bicos de pés! Tanta gente que não vale nada e que já se posiciona sorridente na fotografia! Tanta gente que tenta fazer carreira sem valer um tostão!

Força, Mariana! Que possam chegar bem ao destino e que possam ajudar a encontrar a paz indispensável! Excesso de ambição? Não, não é. E vejo tanta ambição por aí…

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