Saudade/Contra o medo… esperança!

Ocorreu, recentemente, o exame de Matemática do 12º ano, indispensável para imensos alunos que precisam da disciplina para o respectivo ingresso no Ensino Superior.

Nada de especial a dizer sobre esse exame pois não percebo nada de Matemática. Mas, estive atenta, naturalmente. E, curiosa, prestei atenção à reacção dos professores da disciplina e, bastante atenta à reacção dos alunos sobre o exame. Li e ouvi comentários que me deixaram desiludida. Sim, triste pela forma como grande parte dos alunos, estes, do 12º ano, que reagiram assim:

– ” Tá, mãe? Correu bem. Vem-me buscar!”

– ” Era muito difícil, mas tudo fixe.”

– ” A mim correu bué da mal.”

Eu poderia continuar em registo de comentários mas isso já nada interessa para os resultados da prova referida, contudo, não me agrada nada o modo como, hoje, os jovens falam. Um código novo que introduz mudanças complicadas, num registo de linguagem que deveria ser correcto, sobretudo quando se exprimem ou dialogam sobre assuntos referentes à Escola.

Sempre tentei aplicar o princípio da pedagogia do erro que, a meu ver, deverá ser evitado no processo de aprendizagem. Por esse motivo não quero repetir e/ou recordar o vocabulário que hoje, os jovens sobretudo, repetem nas suas conversas, nas suas explicações… Não teria de ser assim…

Defendi sempre, continuo a defender que a Escola tem de ser indispensável para a aprendizagem dos alunos. Sempre defendi que a disciplina de Português sobretudo, terá de ser bem ensinada, bem tratada pelos Professores e respectivos alunos. Para além dos programas, mais ou menos adequados aos interesses dos alunos, a aprendizagem da Língua, o código oral e escrito, são fundamentais para o convívio social, para a demonstração de conhecimentos, para a compreensão e permanente intervenção na sociedade… Porque o homem é um ser social e a sua capacidade, a sua razão, a demonstração dos seus conhecimentos também está no modo como comunica, como sabe ou não, utilizar o código linguístico.

Sim, bem sei que o nosso código, isto é, a nossa língua, está em permanente evolução mas… não chega acrescentar palavras que não dizem nada, que não são nada, apenas muletas que ajudam ou fingem ajudar quem as utiliza. Depois do “pronto” de há algum tempo atrás, agora vem o “bué”, a “cena” e outras coisas assim…

Não, não posso acreditar que os Professores de Português do tempo actual, permitam este tipo de linguagem. Não será possível ensinar regras de gramática, Camões ou Pessoa com respostas apoiadas nestas muletas de linguagem…

Os programas de Português andam muito mal, pouco adaptados aos interesses dos alunos, as respostas através de cruzes não ajudam mesmo nada mas, o código oral, sobretudo, deverá ser correcto, naturalmente. Naquilo a que se chama língua padrão e que afasta as incorrecções de linguagem e o uso de estrangeirismos, também.

Acabei por introduzir neste texto as tais “muletas de linguagem” que hoje tantos jovens, sobretudo, utilizam. Foi dessa maneira que uma das alunas respondeu à sua Professora de Matemática, querendo mostrar o modo como lhe correu a prova de exame… Não sei o que a sua Professora lhe respondeu. Da aluna, eu acho que não teria de ser dito assim…..

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