Nuno Soares

O Procurador do Ministério Público do Tribunal de Penafiel pediu uma pena de “17 ou 18 anos de prisão” para Nuno Soares, o homem de 32 anos que matou o pai à facada, a 3 de março do ano passado, na casa que ambos partilhavam em Caíde de Rei, no concelho de Lousada.

Nas alegações finais do julgamento que decorre no Tribunal de Penafiel, o Procurador recusou a tese defendida pela defesa de Nuno Soares, que pretendia provar a inimputabilidade atenuada do arguido e alegou que este teve “consciência” do crime “hediondo” que cometeu.

Salientou ainda o facto de Nuno Soares ter confessado o crime no decorrer do julgamento, sem dar, contudo, uma justificação para o ato cometido, dizendo que se sentiu ameaçado pelo progenitor e que na noite do crime viu uma nuvem em forma de anjo e ouviu uma voz interior a dizer-lhe para matar o pai. “Falou de um anjo, mas não disse isso no dia a seguir ao crime quando foi interrogado pelo Juiz de Instrução Criminal, nem falou disso ao psiquiatra que o avaliou um mês depois do ato cometido”, referiu o Procurador.

Apesar de reconhecer que o arguido estava “confuso”, o magistrado do Ministério Público pediu uma pena de prisão de “17 ou 18 anos”, por considerar que Nuno Soares cometeu um “crime hediondo” ao matar o próprio pai.

Paulo Gomes, o advogado de defesa de Nuno Soares, ressalvou o facto de o homicida ter confessado o crime e se ter mostrado arrependido. Referiu ainda, que não pretende pôr em causa a imputabilidade do arguido, mas defendeu que a prova produzida no decorrer do julgamento leva a crer que Nuno Soares estava “mentalmente e emocionalmente instável” no dia em que cometeu o crime. “Quando foi ouvido pelo Juiz de Instrução Criminal teve um depoimento tresloucado e o Juiz mandou-o para uma ala psiquiátrica do Estabelecimento Prisional”, sustentou, recordando o depoimento de um padre com quem o homicida falou, que o aconselhou a ir procurar ajuda médica, assim como da psiquiatra que acompanha Nuno Soares na prisão.

No fim das alegações, Nuno Soares dirigiu-se novamente ao Tribunal e, em lágrimas, manifestou, mais uma vez, o seu arrependimento e pediu desculpas a todas as pessoas que gostavam do seu pai. “Só tenho que pedir desculpas, estou arrependido apesar de não estar consciente daquilo que fiz. Não tenho dúvida de que não estava bem para matar o meu pai. Eu brincava com o meu pai, ajudava o meu pai. Eu não tinha motivos e não ia ganhar nada com aquilo que fiz, só tive a perder. Perdi tudo o que tinha”, disse.

A leitura da sentença está marcada para o próximo dia 13 de janeiro.

Recorde-se que Nuno Soares matou o pai à facada na noite de 3 de março de 2021, depois de um habitual jantar em família, num momento em que já se encontravam sozinhos em casa. Depois de cometer o crime, abandonou a casa que partilhava com o progenitor e um irmão e ligou à irmã e à GNR a contar o sucedido.  Foi detido pouco depois pelas autoridades e colocado em prisão preventiva.

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