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Penafiel, 25/11/2023 - Reportagem com o médico Almiro Mateus, que dá consultas gratuitas em várias freguesias de Penafiel. Reportagem na Associação para o Desenvolvimento de Boelhe Almiro Mateus, Médico Carlos Carneiro / Global Imagens

Chama-se Almiro Mateus e é por muitos apelidado de “médico do povo”, pela proximidade que faz questão de manter com os seus doentes. Aquele que gosta de se intitular “especialista em gente”, abraçou um novo projeto, há cerca de dois anos e meio e, de quinze em quinze dias, dá consultas gratuitas na Associação para o Desenvolvimento de Boelhe, em Penafiel. “O desafio foi-me lançado pelo presidente da Junta de Freguesia e pelo pároco e estou de coração cheio por o ter aceitado”, explica Almiro Mateus, médico de 68 anos, a exercer há quase quatro décadas na cidade que escolheu para viver – Penafiel.

Natural de Torre de Moncorvo, Almiro Mateus procurou sempre ser um médico diferente, dedicando especial atenção aos idosos e à sua sabedoria. “O mais importante é ouvir os idosos, são bibliotecas de histórias”, referiu.

E foi este sentimento que o fez passar a dar consultas gratuitas a idosos. “Chego aqui pobre e saio daqui rico em termos de afeto e o agradecimento que quero das pessoas é a sua amizade”.

Ao longo de dois anos e meio, Almiro Mateus já atendeu mais de dois mil doentes. O projeto, que começou para os idosos de Boelhe, já se alargou a todas as faixas etárias, assim como às freguesias vizinhas. “É a consulta do já agora, porque vem o pai e traz o fi lho ou o neto e pede: já agora,
podia atendê-lo”, brincou.

Este sábado, em mais um dia de consultas no consultório improvisado, que até tem na porta uma placa com o nome do médico, a ficha de 20 inscrições estava completa, mas já havia pessoas no exterior “à espera de vaga”.

Para o médico, importa saber ouvir o doente e as consultas “não podem ter tempo”. “Temos que ter a capacidade de nos pormos no lugar do doente, transmitir-lhe compaixão e compaixão não é ter pena dele, é olhá-lo com amor”, sustentou.

Os doentes, diz, são família, “não de sangue, mas de afetos” e o sentimento, nota-se, é recíproco. “Trocamos um grande sentimento de gratidão, o olhar, o abraço, o obrigado, aqui sente-se isso e enriquece-se”, garantiu o médico.

Recusando a ideia de ser um exemplo, Almiro Mateus reconhece a importância do projeto, que já lhe valeu convites de outros municípios para ser replicado. “E já tive amigos médicos que se mostraram disponíveis para fazer uma ou duas horas”, concluiu.

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