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Francisco Portugal, o inspetor da PJ que assinou parte considerável das diligências na operação “Prova Limpa”, foi esta sexta-feira ouvido como testemunha no julgamento que senta no banco dos réus 26 arguidos, suspeitos de crimes de tráfico de substâncias e métodos proibidos na equipa de ciclismo da W52 – FC Porto. Ao coletivo de juízes, o inspetor garantiu que as transfusões de sangue eram “prática generalizada” no seio da equipa.

Na terceira sessão do julgamento, Francisco Portugal recordou o início da investigação que tee origem numa denúncia anónima e que culminou com a acusação de 26 elementos da equipa W52 – FC Porto, entre ciclistas e dirigentes – entre os quais Adriano “Quintanilha”, o dono da equipa e Nuno Ribeiro, o então diretor desportivo.

O inspetor da PJ, que liderou as diligências realizadas no âmbito da operação “Prova Limpa”, explicou que no âmbito da investigação foram realizadas escutas telefónicas, intercetação de comunicações e buscas, que permitiram perceber o envolvimento dos arguidos na prática de atos ilícitos, entre os quais o uso de substâncias dopantes e a realização de transfusões de sangue por parte dos atletas da equipa.

A testemunha explicou ao Tribunal que na sequência das escutas telefónicas, realizadas entre o então diretor desportivo Nuno Ribeiro e vários atletas, foi possível perceber este aconselhava sobre a forma de tomar as substâncias ilícitas. Referiu ainda que houve conversas também sobre a compra de substâncias por parte dos atletas e pedidos de reembolso dos valores pagos, nomeadamente entre Hugo Veloso, o diretor financeiro da equipa e o ciclista Ricardo Mestre e Jorge Almeida.

Francisco Portugal falou ainda das conversas sobre as transfusões de sangue, garantindo que apesar de não serem conversas explícitas, foi possível apurar que as mesmas eram realizadas pelos ciclistas e eram “prática generalizada” na equipa. “Percebi que era prática generalizada na equipa”, referiu, acrescentando que, durante as buscas realizadas, foram encontrados sacos de sangue, com diferentes ADN em casa de vários atletas e dirigentes, nos hotéis e no autocarro da equipa.

Questionado pela defesa do arguido Adriano Quintanilha sobre o envolvimento deste no esquema, Francisco Portugal referiu que este não foi referido nas escutas, mas que para a investigação era este quem autorizava os pagamentos solicitados pelos atletas. Contudo, reconheceu, poderia não ter conhecimento de que os valores solicitados eram para pagar a compra de substâncias ilícitas.

Na sessão, foi ainda ouvido o arguido João Manuel Pereira Rodrigues, técnico de farmácia em Vila Nova de Famalicão, que reconheceu que, durante cerca de dois anos, vendeu medicamentos, “sem receita médica”, a José Rodrigues, o diretor adjunto e massagista da W52-FC Porto.

Apesar de ter dito ao Tribunal ser “amigo” de José Rodrigues há 30 anos, garantiu não saber da sua ligação à equipa de ciclismo, assim como desconhecer que as substâncias foram usadas de forma ilícita, já que José Rodrigues lhe afirmou que os medicamentos tinham sido receitados pelo médico, para tratar a psoríase.

O arguido Nuno Ribeiro tinha manifestado a sua intenção de prestar depoimento, mas para já ainda não o fez.

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