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O homem de 90 anos que em outubro do ano passado matou a mulher de 93 com dois tiros na cabeça, em Raimonda, Paços de Ferreira, começou a ser julgado no Tribunal de Penafiel esta segunda-feira. Em lágrimas, disse ao coletivo que fez aquilo porque a mulher lhe pediu.

“A minha mulher pediu-me. Disse que só eu lhe podia tirar o sofrimento em que ela estava”, começou por justificar ao Tribunal José Augusto Alves, explicando que a mulher, Maria Assunção Alves, tinha dores depois de ter partido a bacia, na sequência de uma queda. Sentado numa cadeira de rodas e com problemas de surdez, o homem foi interrogado por escrito e falou verbalmente dos factos, ocorridos no dia 3 de outubro do ano passado, na habitação que o casal partilhava, na freguesia de Raimonda, em Paços de Ferreira.

Em prisão preventiva desde o dia do crime, José Augusto Alves confessou ter disparado sobre a mulher, na manhã daquele dia. “Há duas ou três noites que não dormíamos porque ela tinha dores. Pediu-me para lhe dar um tiro, para acabar com o sofrimento dela. Eu disse que não e ela disse-me que a tinha abandonado”.  Assim, “num ato de desespero” e após insistência da mulher, pegou na arma e disparou o primeiro tiro. “Dei-lhe um tiro e nem sei onde. Mas ela voltou a levantar-se e pediu para lhe dar mais um tiro e eu dei. E foi aí que ela caiu e ficou no chão”, recordou.

Ao Tribunal, José Augusto Alves negou as agressões à mulher de que está acusado e falou de vingança, por parte de uma sobrinha da mulher que denunciou alguns episódios de violência de que a mulher era vítima, um dos quais que levou a mulher ao hospital, depois de ter sido agredida pelo marido com um banco. “Nunca na vida lhe bati ou insultei. Tivemos uma vida excecional e quem diz que bati na minha mulher, é uma vingança que estão a fazer sobre mim e não sou eu que sou o criminoso”, rematou.

Acusado ainda de um crime de detenção de arma proibida, além dos crimes de homicídio qualificado e violência doméstica, o homem disse que tinha a arma, de calibre 6.35, “há mais de 50 anos” e que era a mulher quem se ocupava dela “por ter medo de dormir em casa” e que foi ela quem a colocou na mesa da cozinha, no dia do crime.

Depois de cometer o crime, José Augusto Alves ligou para uma sobrinha a dar conta do sucedido e para o 112, a quem pediu que ligasse à GNR.

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