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O escritor cabo-verdiano Germano Almeida, prémio Camões em 2018 e que o homenageado da edição deste ano do festival literário Escritaria, que acontece até domingo, em Penafiel, mostrou-se hoje agradado com as manifestações de carinho que tem recebido na cidade, que por estes dias se “veste” com a sua vida e obra.

“Penafiel é um lugar particularmente bonito e as pessoas particularmente afáveis”, disse aos jornalistas Germano Almeida, no Museu Municipal de Penafiel, falando sobre a iniciativa da Câmara Municipal de Penafiel, que presta homenagem a escritores vivos da lusofonia.

Com um “uma relação ótima” com Portugal, onde estudou e fez serviço militar, o homenageado disse, contudo, que não se sente português. “Portugal foi sempre uma presença estranha. Nunca me senti português, sempre me afirmei cabo-verdiano. Mas, se um dia Cabo Verde desaparecesse, o país que eu adotaria seria Portugal, mais nenhum outro”, afirmou.

Reconhecido pela homenagem que a cidade de Penafiel lhe presta por estes dias, Germano Almeida afirmou que não é pelo reconhecimento que escreve. “A gente escreve pelo prazer da escrita, não pelo reconhecimento. Mas é evidente que gostamos destes reconhecimentos, destas homenagens, embora não vivámos em função delas”, salientou.

Em Penafiel, Germano Almeida vai apresentar o seu último romance, “Confissão e Culpa” e vai ter uma silhueta e uma frase sua na cidade, para memória futura. Vai ainda participar na conferência “O papel da Lusofonia | À conversa com Germano Almeida e Abraão Vicente”, que contará com a presença do ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente.

“Eu não gosto muito da expressão lusofonia. Somos escritores de diversos países que usam a língua portuguesa como língua de contacto, como língua de expressão, mas não é uma cultura lusófona”, referiu Germano Almeida.

Apesar de reconhecer pontos em comum entre Portugal e Cabo Verde “um país feito por portugueses”, Germano Almeida referiu que existem diferenças e que a língua comum “pode ser um elemento importante para os países de expressão portuguesa, mas não nos faz lusófonos; ‘lusógrafos’ sim”, concluiu.

O festival literário Escritaria acontece em Penafiel até domingo, dia 31 de outubro, com várias atividades, entre as quais arte de rua, exposições e música.

Internacionalizar o Escritaria

No final da conferência de imprensa com o homenageado da edição de 2021 do festival, Antonino de Sousa, afirmou o seu desejo de internacionalizar o Escritaria e levá-lo “além das fronteiras de Portugal. “Achamos que o Festival Escritaria tem tudo para ter uma dimensão maior, para ir além das fronteiras de Portugal e que pode, de facto, passar a ser um evento literário, nos países lusófonos”, referiu o autarca, acrescentando que para atingir esta dimensão tem que “trazer cada vez mais escritores que, sendo estrangeiros, usam o português como a sua língua falada e escrita”.

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