Agora, depois das últimas eleições, devíamos estar, todos, em estado de reflexão… Porquê? Porque assistimos a uma campanha eleitoral esquisita, pouco profunda, pouco esclarecedora e, se não ficamos cansados com o trabalho indispensável de comparação, de entendimento, de reflexão, deveríamos estar prontos para concluir o que, todos, entendemos ser melhor para nós…
Entraram nesta última campanha eleitoral, alunos e professores que muitos de nós admiram. Pela resiliência, pela capacidade de análise, pela clareza e definição ideológica, pela sensação de alívio que muitos de nós terão sentido quando os vimos voltar… Falo, naturalmente, de F. Rosas ou de F. Louçã que não terão perdido as suas capacidades de análise e que poderão ter servido de exemplo àqueles que entendem que é o “voto jovem” que conta mais… Seja lá o que isso for, sei que cada um dos votos que entra na urna tem o mesmo valor que aquele que entrou antes ou o que vem a seguir… Adiante…
Dito ou escrito o desabafo anterior, agora, o que conta verdadeiramente, chama-se reflexão porque isso é, ou já devia estar a ser há muito, indispensável ao tempo que estamos a viver. O presente é o reflexo do que já passou e o presente pode e deverá ajudar a preparar o futuro…
Na minha opinião, os políticos de hoje, planeiam pouco, reflectem quase nada e o facto de os vermos a falar, falar, não significa que estejam a discutir as ideias que mais interessam ao país e, naturalmente, a cada um de nós. Interessa pouco que se fale muito se as ideias não passam disso mesmo: São só ideias! Não se propõem correcções que parecem ser indispensáveis, não se constata que as imagens propostas foram vistas com olhos de ver e, que fique claro que saber gerir não é só aplicar regras que, se não forem bem cumpridas, não pode estar tudo bem. Não, não pode ser só assim! Saber gerir, é estar sempre atento e pronto para escrutinar o que se passa e o que merece, ou não, intervenção. Hoje, ou melhor, no tempo que corre, lançam-se novos candidatos que surgem numa espécie de salvadores para os tempos difíceis que, queiramos ou não, estamos mesmo a viver… Chamem-se eles André Ventura ou Gouveia e Melo, o certo é que estamos a sentir que eles chegam como uma espécie de salvadores que vão remediar tudo o que de mau está a acontecer… Não é nada disso! Mesmo que pareça o contrário, a democracia ainda não está em perigo e uma das provas disso é que as mais recentes eleições foram participadas e decorreram de forma cívica. Como se queria, como se esperava!
Naturalmente, o resultado não terá agradado a alguns, a muitos talvez, mas não terá de ser por isso que agora teremos de esperar um qualquer salvador! O mito de D. Sebastião já lá vai e há muito que o povo português aprendeu que já nada se espera numa manhã de nevoeiro… Não, não precisamos de salvadores! Precisamos sim que os responsáveis activos dos partidos políticos do tempo actual, saiam dos gabinetes, que vão para o terreno, que falem com todas as pessoas, que ouçam, que saibam ouvir e que analisem a razão pela qual votaram assim ou de outra maneira… Se assim for, a democracia terá de vencer, não com salvadores disto ou daquilo mas com políticos a sério, com democratas a sério, com aqueles todos que andam perdidos por aí. Com salvadores, não! Não precisamos de gente para salvar o que quer que seja. O poder e a força caberá sempre a cada um de nós!