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Com o número de casos positivos de Covid-19 a aumentarem e as notícias de idosos e funcionários infetados a chegarem de praticamente todo o país, os utentes das instituições da região têm ficado à margem desta triste realidade, não havendo casos positivos ou suspeitos na maior parte delas. Até agora, ainda não surgiram casos em lares em Paços de Ferreira, Penafiel e Lousada.

Em Paredes, dos 240 utentes institucionalizados em cinco lares, existem 31 utentes infetados no Centro Social e Paroquial de Recarei. Há ainda 29 funcionários positivos (dez na Misericórdia de Paredes e 19 no Centro de Recarei) que estão a recuperar em casa.

Os lares da região estão a responder à pandemia de uma forma semelhante e, além das medidas anunciadas pelo Governo, como a suspensão de visitas aos utentes, ativaram também medidas próprias.

Uma das alterações foi a implementação de “turnos espelho”, em que os profissionais se dividem em equipas, trabalham durante uma semana e permanecem 24 horas por dia no lar. Depois, são substituídos por outra equipa e descansam na sua residência. Em Paços de Ferreira, são testados no regresso ao trabalho. Em todas as instituições que funcionavam como Centro de Dia, foi suspensa a valência, passando os idosos a serem acompanhados no seu domicílio, com ajuda para a sua higiene pessoal e habitacional, por exemplo.

Contudo, todas as instituições com equipas de acompanhamento domiciliário contactadas sublinharam que os profissionais com estas tarefas não entram nos lares – que estão verdadeiramente “isolados”.

Maioria dos lares não têm testes – ou pagaram “do próprio bolso”

Para garantir o isolamento total dos lares e que nenhum dos profissionais que esteve de descanso traga o vírus para o interior, algumas instituições testam-nos antes do seu regresso ao trabalho.

Contudo, com mais de 400 utentes ao seu cuidado, os lares dos concelhos de Paços de Ferreira e Penafiel contaram ao IMEDIATO as suas dificuldades na testagem, nomeadamente a nível de apoio para o seu pagamento.

Em nenhuma das instituições de Penafiel, que acolhem 307 utentes, foram realizados testes. Segundo a autarquia, estes devem ter lugar esta semana, numa parceria entre o município e um laboratório local.

Em Paços de Ferreira já foram realizados testes, mas a expensas das instituições. Ana Monteiro, responsável pelo Lar António Barbosa, da Santa Casa da Misericórdia de Paços de Ferreira, afirmou que os testes realizados aos funcionários da instituição foram “pagos do próprio bolso” a privados, porque não tiveram acesso a testes do Serviço Nacional de Saúde. “Pedimos a comparticipação ao SNS, porque temos 40 utentes da Segurança Social, também contactamos o município e o delegado de saúde há quase um mês e ainda aguardamos resposta”, partilhou a responsável.

Também Pedro Silva, responsável pelo lar André Almeida, da SCM de Freamunde, contou que agora a instituição conta com o apoio do ACES Norte, mas que ao início teve de pagar inteiramente os testes a privados.

Idosos “não morrem da doença, mas de solidão”

Sem visitas há mais de um mês, o isolamento total dos lares está-se a tornar cada vez mais prejudicial para os idosos, aos olhos dos vários responsáveis contactados. Vai valendo aos utentes as atividades que se vão realizando, assim como as chamadas que os funcionários fazem aos familiares ou as publicações nas redes sociais.

Para o Padre Manuel Brito, responsável pelo Lar do Divino Salvador, em Freamunde, a situação “é preocupante, os idosos estão a ser colocados num ‘gueto’ e podem não morrer da doença, mas morrem de solidão”. Em isolamento total, os funcionários e animadores dos lares são o único contacto humano que os idosos nestas instituições têm, de forma que as suas relações se tornam cada vez mais importantes para eles. “Não podemos permitir que os idosos nesta situação por muito tempo, a retoma da economia já está prevista, mas a deles não. Se já tínhamos uma sociedade que excluía os idosos, agora ainda vai ser pior”, concluiu.

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