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Quando me disponho a escrever, ainda vivo a sensação da novidade criada pela última visita à Fundação de Serralves. Eu sabia que precisava de ver a exposição organizada pela Fundação. Dizia-me pouco o artista, apesar de o saber reconhecido internacionalmente… Mesmo assim, sendo indispensável a deslocação ao Porto,  terá valido muito a leitura, possível, através do material exposto.

Não sou especialista na matéria mas, uma obra de arte, qualquer que ela seja, permite muitas leituras e, mais ou menos empenhada, mais ou menos curiosa, também fiz a minha leitura. E que posso partilhar…

Chama-se Maurizio Cattelan, o artista, nasceu em Pádua, na Itália e muitos jornais e revistas falaram sobre ele, sobre a sua obra, sobretudo, que apelidou de “Sussurro”.

Desde a porta de entrada, quase sempre uma obra em cada aposento da casa, transporta o visitante-leitor ao humor, à ironia também. À reflexão sobretudo… São obras fortemente enraizadas na História que marcam a abordagem de Cattelon à arte. Estão lá as mudanças e os traumas, os períodos de transição e, naturalmente, o tempo entre a infância e a idade adulta, entre a vida e a morte, entre o riso e o choro, também. Cattelan fez de cada objecto que mostra, um motivo enorme de reflexão. Impossível não ir por aí…

São obras, aparentemente dispersas, sem ligação entre si e cada uma delas, talvez mais umas que outras, transportam o visitante-leitor, ao caminho que teremos de seguir, ao quase choro uma e outra vez…

Há figuras históricas e auto-retratos e também objectos, amigos e conhecidos e algumas referências imprecisas, difíceis de descobrir…

A Casa de Serralves, uma construção Art Déco dos anos 30, adaptou-se muito bem à exposição, contribuiu muito para a adaptação do visitante à obra e, no modo estratégico como são expostos os objectos, leva facilmente à reflexão e cria situações quase quotidianas também: Era uma vez um menino com um tambor; era uma vez um cavalo; era uma vez um Papa…No espaço da exposição, há uma parede cravejada de buracos de bala e nove cadáveres envoltos em mármore branco que lembram os que vemos diariamente na televisão… Depois, no piso superior, uma obra que é figura de cartaz da exposição: uma banana fresca colada à parede com fita adesiva. O que significa, afinal? Provoca o debate, naturalmente. É um sinal, ou melhor, um sinal que é a comunicação como forma de arte. Afinal, ali,tudo perturba, quase nada faz sentido, nem tem de fazer…

Volto à sala onde há uma imagem do Papa João Paulo II, caído, atingido por um meteorito. Há a sugestão de sofrimento, sem dúvida. Há uma obra exposta, escultórica e daí sai a ideia que Cattelan, o artista, é um criador de imagens, aparências, cópias, aparições que fazem pensar… Parece tudo uma visão do mundo que se aproxima do fim e que é, sobretudo, uma perfeita alegoria. Foi assim que eu a interpretei… Uma representação de ideias através de imagens. Sugestivas, sem dúvida!

Maurizio Cattelan responde com imagens a algumas das nossas dúvidas… A exposição “Sussurro” fala bem alto para quem queira ouvir, disso tenho a certeza. Seria bom ter tido um guia para me ajudar a reflectir! Como posso, ainda não deixei de pensar no que estava ali para descobrir…

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