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Foi bonita a festa! Passados 50 anos, a festa, ainda dura… Foi bonita mas é preciso fazer melhor. É preciso fazer mais para que toda a gente viva feliz.

Nestes 50 anos que passaram, nem tudo foi bom, nem tudo foi bem distribuído…Multiplicaram-se direitos e reduziram-se deveres, hoje, é verdade que quase tudo está em causa. Lamenta-se o estado em que se encontram os serviços públicos. O S.N.S., infelizmente, parece estar a ser destruído. Num lamento próximo deste, a quase loucura que se apodera do Sistema Educativo e das escolas públicas… A Educação pública, próxima de uma quase farsa em vias de não cativar… O quase caos em que está a habitação, a Justiça, o ambiente, a desigualdade social. Aumentam os perigos das redes sociais que viciam jovens e adultos… A festa quase acabou! Porque, em vez da festa, falta o trabalho equilibrado, falta a organização social, falta o emprego justamente remunerado, falta a oportunidade de uma vida igual para todos, para todos os que a merecem. Hoje, a vida ainda está assim…

Por outro lado, se a festa quase acabou, mantemos a democracia que nos permite escolher em quem queremos votar na tentativa de vivermos melhor e sermos mais felizes. Já não temos medo e isso ajuda-nos a manter a festa… Já podemos decidir e isso contribui para que sejamos mais felizes. Devemos ser responsáveis pela escolha que fazemos e isso poderá dar-nos força para o dia seguinte, quando chega o nosso futuro. Tudo ainda é possível porque a festa não acabou… Ouvida num concerto recente com Sérgio Godinho, Capicua repetia no refrão: “Que força é essa, que trazes nos braços?”

Hoje, animados pelos mesmo sentimento poético que vem do refrão, bem mais maduros, sentimos que a democracia nascida em Abril de 74, precisa mais desse equilíbrio forte entre a mensagem política e o lado poético… Por isso, passados 50 anos, é forçoso semear no coração de todos, homens e mulheres, o dever de contribuir para que a festa continue… É preciso que a mensagem de Abril ressoe de forma especial para que a democracia se cumpra realmente. Porque, essa e outras canções, de Sérgio Godinho, Zeca Afonso, José Mário Branco e outros, terão de ser repetidas, cantadas empenhadamente por todos, porque a luta, tem de continuar… Hoje, se já conquistámos imensos direitos, há ainda muito a fazer para que a igualdade inscrita na lei seja real e plena. Há, ainda há, um défice salarial enorme, um número elevado de mulheres que perdem o emprego por estarem grávidas, filas imensas nos corredores dos hospitais, um sem número de desigualdades que ainda nos tolhem e impedem de fazer a festa… Que ainda não acabou! Porque nos dizem que é possível continuar a luta em liberdade, mesmo que não seja óbvio que as coisas que conquistámos estejam garantidas. Então, bastará olhar a confusão das novas bancadas da A. R. Bastará ouvir algumas intervenções para perceber que as conquistas dos 50 anos que passaram, ainda estão em risco… Muita coisa terá de mudar!

A imagem comemorativa dos 50 anos da Revolução, do ilustrador André Carrilho, transforma um cravo frágil numa árvore vigorosa, que nos anima… Pois que seja assim! Que esse cravo e a força de cada um de nós contagie todos os que querem fazer a festa! Porque a festa ainda não acabou…

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