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É isto a vida… Nasce, tem de morrer e depois é nada! É assim que acredito e se hoje estou mais pessimista, os outros dias são semelhantes porque todos os dias desaparecem pessoas de quem gostamos, de quem passamos a estar ligados,, quase só, pela saudade…

Entretanto, continuo a ler e é assim que me sinto mais presa ao mundo, às notícias e às aprendizagens que continuo a achar muito úteis para viver. Para estar com todos aqueles que, como eu, acham que os livros continuam a ser inimigos da ignorância. E agora lê-se tão pouco… Privilegiam-se actividades consideradas paralelas e o mundo parece tão pouco importante… Questionam-se os sentimentos que alimentam as almas e aproveita-se tão pouco da vida… Adiante!

Fui surpreendida pela morte do escritor norte-americano Paul Auster, no fim de Abril, e mesmo que eu nunca o tenha considerado um escritor de eleição, algumas das notas da Imprensa que foram registadas sobre ele, levaram-me a pensar no seu, no nosso projecto de vida. Porque ele acreditava que a escrita era música e porque procurou sempre o seu ritmo… Criou um estilo, não deixou de ser uma estrela e, surpreendentemente, retirou-se quase em silêncio… Sem procurar elogios, sem pretender mostrar-se melhor que os outros… Pelo contrário! Enquanto escritor, confessou ter apanhado muitos socos que lhe doeram, sentiu-se rejeitado mas nunca parou. Pelo contrário, terá confessado. Sentiu ter percebido que não estava a escrever apenas para ser publicado mas sim porque o tinha de fazer. Achei isso notável! Não me interessou muito o seu processo de escrita, o trabalho intenso que lhe dava o caminho de uma frase para outra… O trabalho árduo de parágrafo a parágrafo, a correcção contínua, as alterações,a primeira frase, a segunda, a décima, a vigésima, até chegar ao fim… O sentar na cadeira, o levantar, o movimento contínuo que ajuda a trazer novas palavras à mente… E assim se escrevem os contos, os romances, os ensaios, a poesia… Quando tudo parece terminado, escreve-se tudo outra vez e depois fica tudo registado para os outros que possam ler e celebrar o acto da escrita. Era esse o seu plano!

Volto a salientar que o escritor de que falo nunca fez parte da minha lista de autores de eleição mas este processo de escrita que acabo de registar, intensifica o meu apreço por quem lê, por quem estuda, por quem escreve e/ou ajuda a aprender. Bem sei que ando entusiasmada com as muitas Biografias que tenho lido ultimamente e, mesmo que acredite que Autobiografia é uma missão quase impossível, as minhas mais recentes leituras ajudam-me a recordar épocas, movimentos literários e, sobretudo, personalidades. Umas que já admirava antes, outras, que me têm surpreendido. Outras ainda, que confirmam ideias ou opiniões que eu guardava antes.

E, tal como diz Violante, filha de Saramago, se “de memórias nos fazemos”, é sempre bom recordar momentos simples ou difíceis, é sempre bom reviver bocados de vida que nos fizeram. Voltar a um autor que já conhecemos é sempre lembrar a biografia, o contexto histórico, o modo de expressão que pode ou não definir um estilo. Voltar a um escritor que já fez ou faz parte do nosso plano de estudo, é sempre lembrar, percorrer espaços, confirmar ideias que já ouvimos antes… Por isso é sempre bom voltar! Nem que seja para matar saudades. Ou memórias!

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