O Festival Escritaria arranca esta segunda-feira na cidade de Penafiel e espera centenas de visitantes de todo o país, para um evento literário que é já uma referência no panorama cultural nacional. A 18.ª edição do evento promete consolidar este lugar já conquistado e traz um programa diversificado, com muitos artistas convidados e a cidade envolvida em torno de uma homenageada: Maria do Rosário Pedreira.
Penafiel volta a ser a capital da literatura e durante sete dias vai engalanar-se para prestar homenagem à poeta, editora determinante na literatura portuguesa contemporânea, letrista de canções e autora de coleções infanto-juvenis – distinguida com vários prémios e traduzida em várias línguas, Maria do Rosário Pedreira.
O festival, que se distingue dos restantes que se realizam pelo país pelo facto de homenagear um único autor da língua portuguesa, conta com a presença de outros autores, mas que se deslocam a Penafiel com o objetivo de “homenagear uma pessoa singular”, referiu Maria José Santos, diretora do Museu Municipal de Penafiel. “Toda a semana, toda a cidade é pensada em torno da autora homenageada e é isso o que o distingue dos restantes festivas”, referiu.
Ao longo de sete dias, a cidade “veste-se” para celebrar a vida e obra da autora, as escolas e comércio local associam-se à homenagem e Maria do Rosário Pedreira. “Este festival tem a envolvência visual, em que a cidade se veste para ter um grande impacto sobre o autor que nos visita, com toda a componente da arte de rua, das vitrines do comércio, das varandas, das peças de arte, tem esse objetivo de deixar essa arte na cidade”, referiu a diretora do Museu.
Além disso, a homenageada ficará também eternizada na cidade, com peças de arte que ficam, “que acabam por integrar a urbanidade da cidade, a silhueta, a frase, e, desde o ano passado, o bosque da Escritaria com árvores dedicadas aos autores e às quais se vai juntar uma tília, a árvore escolhida por Maria do Rosário Pedreira”, confidenciou.
Segundo Maria José Santos, “tudo isto é pensada para criar impacto na homenageada quando esta chega à cidade”. E depois, a isto, “alia-se o contacto próximo com a comunidade, com o público que anda nas ruas, o que faz com que o acolhimento à autora, por um lado, é como se a cidade a adotasse como sua, mas por outro lado, fazê-la sentir que essa adoção é recíproca, ela é nossa e nós somos dela”, acrescentou.
Procurar um programa diversificado, que se adeque aos diversos públicos, é uma das preocupações da organização, a cargo da Câmara Municipal de Penafiel. E este ano, não foi exceção. “Procuramos sempre fazer e cada vez mais ter uma programação eclética, muito diversificada, que vai ao encontro de várias faixas etárias, de todas as pessoas, mas muito vocacionada para coisas concretas, direcionadas para o autor, para a sua obra, para a sua escrita”, explicou Maria José Santos.
E as várias facetas de Maria do Rosário Pedreira e a sua própria riqueza enquanto autora, permitiu essa diversidade na programação. “Permite-nos ir a vários campos, trazer as artes plásticas e performativas”.
Para a edição deste ano, as expetativas são “muito elevadas”. “O Escritaria já é um evento que se tornou uma marca de Penafiel e do território e foi nesse sentido que este ano recebeu dois prémios atribuídos pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, o que mostra que temos público fidelizado e, todos anos, conseguimos captar novos públicos, porque o Escritaria já se abriu ao país, não é um festival de Penafiel e essa tem sido uma tendência crescente. Sabemos que o público que vem ao Escritaria já vem de uma área geográfica bastante alargada e isso é cada vez mais gratificante”, concluiu.
O festival tem ainda a particularidade de envolver a comunidade local, as associações e coletividades, assim como as escolas. “O contacto do autor com as escolas é muito importante, porque queremos educar também os alunos para a literatura e o Escritaria é um festival literário e a raiz do objetivo máximo tem que ser a promoção do autor homenageado, da língua portuguesa, mas sobretudo do livro e da leitura”, frisou Maria José Santos.
“Procuramos trazer também o talento penafidelense, com a parte artística e, este ano vamos virar-nos para a vídeo artes, com três vídeos ensaios realizados por três penafidelense que vão participar, potenciando assim jovens talentos de Penafiel”, concluiu.