Respeito / Zela / Lei / Leste / Sol / Ano / Alberto Santos -Rebanho / Desligamento / Futuro, Máscara / Avós / Língua / Analfabeto / Oportunidades /ladrão de memorias / pandemia

Há dias, uma escola da Maia convidou-me, e alguns outros autores, para participar na sua “Semana da Leitura”, numa mesa redonda em que o ponto de partida foi “Leitura: um caminho para a paz.

Estes momentos de contacto com os alunos são sempre importantes, porque nos permitem refletir sobre questões importantes. Sobretudo quando acabamos de sair de uma campanha eleitoral em que os dois temas mais ausentes do debate foram a cultura e a papel de Portugal no mundo complexo em que vivemos, dentro e fora da Europa.

E, na verdade, tenho para mim que a literatura pode ter um papel transformador no mundo, como nas nossas vidas. Principalmente, nestes novos tempos, em que nos vemos, sobretudo os mais jovens, sujeitos a estímulos de curta duração, informações e reals com mensagens de doutrinação política, de manipulação de escolhas como consumidores, de padronização de gostos ou apenas de gozo fútil, podemos descobrir que um livro mantém sempre um tempo diferente de compreensão. O tempo para podermos refletir sobre a sua mensagem, sobre os acontecimentos que narra e os sentimentos vividos pelas personagens.

Por isso, como ferramenta estruturante para o nosso conhecimento, os livros são igualmente instrumento para a liberdade, para a liberdade de pensarmos e tomarmos decisões mais conscientes.

Por outro lado, nomeadamente os que contam histórias sobre as diferentes civilizações, povos e religiões, ajudam-nos também a melhor conhecer e compreender o nosso posicionamento no mundo, e os ângulos da sua variedade cultural

Em primeiro lugar, o da nossa própria identidade. Percebendo melhor a cultura do país em que vivemos, a sua estrutura de valores, a sua História e memória, mitos e integração, melhor sabemos quem somos.

Em segundo, o ângulo da alteridade. Ou como resulta da palavra importada do inglês, da “outrização”. O que significa que quanto melhor compreendermos os valores, História, crenças e motivações dos povos que vivem fora dos nossos territórios, principalmente em zonas mais distantes, menos equívocos, xenofobia, racismo ou tensões alimentaremos.

E finalmente, o ângulo da substituição, ou seja, o que se relaciona com a aqueles que entram nas nossas terras como imigrantes, retornados, estrangeiros ou refugiados. Compreendermos as razões das suas chegadas, voluntárias ou forçadas, aproximarmo-nos deles, integrá-los e garantir-lhes os direitos básicos como seres humanos, certamente que também contribuirá para uma maior tolerância e boa convivência.

É também nestes pontos que, igualmente, a literatura poderá ter um papel fundamental para a paz do mundo. Quando conta histórias sobre estas temáticas e nos leva a refletir sobre todas estas questões.

Subscreva a newsletter do Imediato

Assine nossa newsletter por e-mail e obtenha de forma regular a informação atualizada.


Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *