Modelo Opiniao

Passados já vários dias desde que se realizaram as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) em Lisboa, com as vozes e emoções várias mais resfriadas, o olhar sobre este evento, consensualmente descrito como inimitável para o nosso país, é mais objetivo e límpido.

Quem por Lisboa circulou durante os dias que antecederam a JMJ, sabe do sentimento pouco entusiasta, desconfiado e, até mesmo, antipático sobre a realização deste evento na cidade. Além da incerteza geral sobre a organização, havia a revolta do dinheiro público gasto em prejuízo do investimento em outras matérias mais importantes e impactantes na vida das pessoas. Sem julgamentos! Esperar que cerca de 1 milhão de jovens se concentrasse, durante uma semana, numa cidade onde o lixo se acumula nos cantos, os transportes públicos, no geral, circulam com constantes atrasos e cheios de gente, o trânsito é caótico e andar pelas ruas significa atropelos constantes por grupos e grupos de turistas, não traz ao de cima os melhores sentimentos. Até quem, de alguma forma, simpatizava com a realização da JMJ ou, até mesmo, tivesse já tido a experiência única de participar neste que é o maior encontro da juventude a nível mundial, desenvolvia dentro de si essa desconfiança. A comunicação social alimentava, diariamente, estas questões, ora porque aos políticos interessava desviar os focos para outros assuntos, ora porque estamos em plena silly season e nada de mais interessante se passa por cá.

Naquela que era a minha experiência, sabia já o que tinha sido viver uma Jornada Mundial da Juventude. Em 2011 tinha estado em Madrid e sei o que é a intensidade daqueles dias. Mas fosse porque tinham já passado 12 anos, fosse porque o modo de estar e viver a fé e espiritualidade tivesse mudado, a verdade é que a JMJ em Lisboa pouco me entusiasmou. Além disso, desde janeiro que vivo em Lisboa por questões profissionais e, portanto, também acabei por estar embrenhado naquela desconfiança e antipatia para com a realização do evento cá. É uma reação irracional quando perante nós temos o desconhecido ou sentimos o nosso espaço ser ocupado. Recordo-me de, pelos corredores do hospital onde trabalho, andar também em conspirações e vaticínios sobre o insucesso do evento, a incapacidade da cidade acolher tanta gente e, acima de tudo, do transtorno que iria causar para quem, por razões várias, não podia fugir da confusão. Acrescia o sentimento de responsabilidade, uma vez que, caso acontecesse alguma coisa, seriamos o primeiro hospital a dar resposta.

Só que a JMJ foi mais do que Lisboa, e esta foi a parte que não esperava!

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