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Eu tinha decidido não fazer qualquer comentário à campanha e aos resultados das eleições mas, cumprir essa intenção torna-se difícil. Há quase sempre uma recaída e, neste caso, permito que seja assim.

A campanha eleitoral foi mais ou menos igual a tantas outras, incipiente às vezes, pouco estimulante em alguns dias, mais ou menos aguerrida, de acordo com todos os intervenientes. Notou-se também algum cansaço, hoje, quase natural. Já não se pára o que se está a fazer para ver um político passar… Isso já lá vai, as redes sociais fazem quase tudo e muitos dos eleitores, como eu, já não estão para isso… Bem sei que o culto da personalidade impõe-se pelas imensas imagens que se plantam nos melhores lugares mas, tantas vezes, as intenções expostas pelas palavras que se escolhem, pelos verbos que aparecem, bem analisados, dizem pouco sobre o que se pretende fazer: Não se sai do “defender, recuperar, continuar…” que parecem querer dizer muito e muitas, muitas vezes, são vagos de conteúdo, são erros de linguagem, são metáforas e pleonasmos que não deixam de ser estranhos neste país que se propõe fazer o que outros já fizeram… Adiante, vamos ver o que vem a seguir! Haja paz e sossego, afinal a vida continua…

Acabei de usar a palavra que mais sentido faz nos dias que correm: paz! Naturalmente, deixei de escrever sobre as mais recentes eleições e salto para a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado que tanto admiro!

Mais uma vez, o Comité Norueguês devolveu ao Nobel a sua razão maior de ser: distinguir quem, sem exércitos e sem armas, sabe agir, sabe enfrentar o poder, usando, quase só, a força da convicção!

O Nobel da Paz, recentemente atribuído, revela isso. Maria Corina Machado é o exemplo de um heroísmo, tantas vezes silencioso, que sempre se impôs à propaganda nada discreta que o mundo tem conhecido. Durante meses, muitos, assistimos à campanha absurda para que Trump fosse o escolhido para receber o galardão da paz… Que disparate! Os seus aduladores fizeram um esforço máximo para que tal viesse a acontecer. Trump é um homem vaidoso, que ameaça políticos e jornalistas, que glorifica a violência, que é sempre polémico e narcisista e não podia merecer o Nobel da Paz! Felizmente, isso não aconteceu! A Noruega soube resistir ao espectáculo e soube escolher a coragem. M. Corina Machado foi, é um exemplo de força e de determinação, que viveu perseguida por uma ditadura e que soube arriscar pela liberdade e pela democracia. Sofreu perseguições, foi vítima de campanhas de difamação e nunca desistiu. Não cedeu à violência e a sua luta não deixa de ser um sinal claro dos tempos que correm. Na Venezuela de Maduro há medo, eleições viciadas, censura e fome… Felizmente também se ergueu uma voz feminina e corajosa, uma voz teimosa que continua a saber resistir.

Hoje, já todos sabemos que o Comité norueguês soube devolver ao Nobel a sua razão de ser. Soube distinguir quem foi capaz de, sem armas, enfrentar o poder com convicção. Nós, teremos de continuar a ver o que se passa no mundo e, neste tempo de autoritarismo, como é o de Trump, a História há-de agradecer o significado da entrega do prémio Nobel da Paz a Corina Machado da Venezuela. Num misto de empenho e de quase banalidades, como acaba por ser uma qualquer campanha eleitoral,, a palavra paz parece também banalizar-se nas mãos dos mais poderosos mas, quando queremos mesmo, a paz verdadeira nasce da força, da resistência, da vontade maior de querer que esse nome se imponha e se erga, agora numa voz feminina que vai decidir que quase tudo seja assim…

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