No Dia Internacional dos Museus, o IMEDIATO quis conhecer a realidade dos equipamentos culturais de Penafiel e Paços de Ferreira, encerrados há quase dois meses devido à pandemia.
Esta segunda-feira foi marcada pelo início de uma nova fase de desconfinamento, com o regresso da restauração, das lojas até 400 m², das aulas presenciais para o ensino secundário e profissional e das creches.
Os equipamentos culturais, como museus, monumentos e palácios, também receberam a “luz verde” do Governo para voltarem a abrir as portas, naquele que foi o Dia Internacional dos Museus mais atípico desde a primeira comemoração da data, em 1977.
A data foi ainda mais incomum no Museu Municipal de Penafiel, que decidiu não reabrir as portas nesta segunda-feira. “Foi uma opção do município, para ter um período de aprendizagem com as experiências dos museus que abriram”, contou ao IMEDIATO Maria José Santos, diretora do equipamento cultural.
A responsável adiantou também que, se as condições se mantiverem favoráveis, o museu reabre em junho, “mas a experiência não vai ser a mesma que antes do Covid”, porque o recurso a dispositivos interativos táteis, que vão ser desativados, é essencial para a visita.
A incógnita que rodeia as visitas guiadas também vai ser “uma grande diferença” aos olhos de Maria José Santos, porque estas eram oportunidades para “a mediação cultural entre os objetos e os visitantes”, bem como para uma dinâmica entre a equipa e o público, que trocavam conhecimentos.
“Não sabemos muito bem o que nos espera. O nosso grande público é a comunidade escolar, que garantidamente não vem, bem como os seniores, através de associações locais. Certamente vai ser uma nova experiência”, apontou a diretora do museu.
Algo certo na reabertura é a utilização de máscaras, higienização das mãos à entrada e saída, bem como distanciamento social, através da implementação de um rácio de cinco pessoas por cem metros quadrados.
As portas fecharam, mas “o trabalho invisível” continuou
De acordo com a diretora do Museu Municipal de Penafiel, dos 15 trabalhadores, apenas três estão em teletrabalho porque existem muitas tarefas presenciais. Assim, a equipa foi divida em dois turnos, de forma a assegurar a continuidade do trabalho na eventualidade de uma infeção.
Contudo, ainda que as portas do museu estejam encerradas, o trabalho não para, garante Maria José Santos. “Temos muito trabalho além do atendimento de visitantes, um trabalho ‘invisível’, como fazer um inventário das peças, a gestão do património cultural e até mesmo escrever livros”, conta.
“Deixamos de ver amigos e colegas. Não ter público também é muito difícil, é esvaziar o principal objetivo de um museu”, confessa.
O museu, que atrai em média 16.000 visitantes por ano, muitos dos quais espanhóis, viu cair por terra várias iniciativas, uma delas uma exposição sobre o trabalho dos artesãos penafidelenses, em parceria com a EDP, uma “tristeza profunda” para a responsável pelo equipamento.
“Não esperamos ter os números do costume tão cedo, o museu vai recuperar muito lentamente”, contou.
“É normal que as pessoas tenham receio de voltar aos museus”
O IMEDIATO também esteve à conversa com Paulo Ferreira, vice-presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, sobre o regresso do Museu do Móvel, em Paços de Ferreira, e do Museu Arqueológico da Citânia de Sanfins.
“A decisão vai ser tomada dos próximos dias, mas ainda este mês estão abertos. A prioridade municipal tem sido a economia e reabertura de espaços comerciais, mas os espaços culturais também vão reabrindo”, garantiu o vice-presidente pacense.
Com lotação limitada, uso de máscara obrigatório para todos e desinfetante ao dispor, os dois museus municipais vão voltar a abrir portas, mas sem muitas esperanças quanto ao número de visitantes, que anualmente ronda “uns largos milhares”.
“Nesta fase é normal que as pessoas tenham receio de sair e usufruir deste tipo de espaços culturais, por isso não temos expectativas altas com a reabertura”, contou Paulo Ferreira.
Com uma grande presença de visitas de estudo e de grupos no dia a dia do museu, a recuperação “vai ser lenta até que as pessoas voltem a ganhar confiança”.
Segundo o vice-presidente da CMPF, os dois museus vão receber eventos “mais à frente”, sempre tendo em consideração o progresso da pandemia.