Modelo Opiniao

Os manuais da política dizem que a melhor maneira de impedir que alguém se faça ouvir é simplesmente criar ruído, dessa forma confundimos quem esta a ouvir e a mensagem perdesse na confusão. Existe, no entanto, uma parte que ninguém quer perceber: neste processo levamos a que, em resposta a outra parte aumente o seu tom de voz, de seguida aumenta-se o barulho e entramos num tal ciclo vicioso que passado pouco tempo só temos ruído. Chegados ao ponto em que só existe ruído, deixamos de ter uma conversa e temos uma discussão, ou melhor, nem discussão temos, acabamos é numa zaragata total!

Meus amigos esta é a melhor imagem que eu posso descrever para o que vejo acontecer na campanha das eleições legislativas que temos neste fim de semana e tudo indica que o cenário vai ser ainda pior nas eleições autárquicas que se aproximam. As campanhas para as autárquicas já se começam a preparar, o posicionamento dos candidatos a ser definido, a estratégia de comunicação a ser semeada e ficamos a perceber os pontos de embate nos vários Municípios do Vale do Sousa.

Neste momento, sendo que ainda estamos a meses da campanha, já somos brindados com cartazes de caricaturas maléficas dos autarcas, com números adhoc, soltos e isolados que sugerem que estamos falidos, criam-se canais de “denuncias anónimas” patrocinados por páginas oficiais de candidaturas, vídeos em direto ao estilo Big Brother, promovemos milícias populares de bons costumes com avaliações Pidescas do comportamento dos “outros” e em resposta somos brindados com desculpas mal amanhadas que nos lembram as justificações do tempo da Escola Primária.

Ora não pondo em causa a bondade dos objetivos de quem pensa estas campanhas, quase que posso afirmar que o resultado vai redundar em mais uns tantos socos na credibilidade de quem se dedica aos cargos políticos e no fim essas mesmas personagens que contribuem de forma direta e ativa na destruição do mérito dos políticos e dos dirigentes das instituições públicas, vão justificar a sua derrota com o “sistema instalado”, com os compadrios e os subornos. Em relação a este tipo de personagens não há muito a fazer, é uma decisão delas seguir esse caminho e nós só podemos manter a elevação do discurso e das nossas ideias.

O certo e o errado, é uma avaliação moral, mas o caminho deve ser deixar para a justiça o que é da justiça e exigir que a justiça funcione de forma plena e independente. Afastar o mito que não funciona em relação aos políticos, deve ser um objetivo comum a todos, porque ela efetivamente funciona! Veja-se o recente caso do presidente da Camara de Gaia que foi suspenso por prevaricação e há muitos outros casos que podíamos trazer para aqui. A justiça funciona, temos é de estar abertos a que nem sempre a nossa convicção é a que esta certa e que as provas ou indícios nem sempre são os que tivemos acesso, poderão existir outros que desconhecemos e a Lei não diz o que é certo ou errado, apenas o que é legal ou ilegal.

Quando comecei a escrever este artigo dei por mim a pensar no que poderia ou deveria escrever e é isto que merece ser alvo de reflexão por parte de quem tem um espaço público. Ter opinião é simultaneamente um direito e um dever. Em boa verdade, a consciência de que quando estamos a dar uma opinião, partilhamos a nossa visão do mundo expomos o nosso carater enquanto pessoa e apenas os leitores podem decidir se somos merecedores do seu tempo e atenção. Ninguém quer ser evangelizado com a nossa opinião, apenas consideram que outras opiniões contribuem para a sua reflexão sobre o mundo e que este seja mais justo, humanista e solidário.

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