Comecei este texto umas 10 vezes, porque por um lado, não queria demonstrar a tristeza que sinto ao ver alguns dos meus “mestres”, enquanto jovem participante na vida “filo-sócio-política” do Vale do Sousa, agarrados ás suas mágoas, ancorados num passado que já lá foi e presos a um enredo que só existe no seu imaginário e pelo outro lado, a tristeza que é ver os jovens com quem partilho a esperança de um futuro melhor agarrados a uma forma de fazer politica triste, pobre e assente em truques do passado.
A alguns ser-lhes-ei sempre muito, mas mesmo muito grato, com eles aprendi muito, vi perspetivas diferentes daquelas que tinha e aprendi a viver equilibrado entre mundos com visões e valores diferentes. Foram e serão sempre, os meus exemplos de juventude, tive o privilégio de os conhecer, ajudaram-me a crescer e talvez ainda continue hoje a aprender com eles… Que um dia, eu tenha a sabedoria de reconhecer o momento para me retirar e que o faça de forma a respeitar o meu legado. Com o meu pai aprendi que não podem ser mestres aqueles que não nos deixam caminhar sozinhos, são apenas donos e quem procura perpetuar o sentimento de posse da vontade dos outros é apenas um ditador. Tenho para mim, que de nada servirá ensinar alguém a voar se depois o prender numa gaiola.
A grande ironia do momento é que vejo a minha geração incapaz de se erguer sozinha, procuram uma bênção e não se erguem sem as bengalas, mesmo que sejam as bengalas dispensadas pelo passado. Apresentam-se com os argumentos de sempre, sem ideias, sem formas novas de fazerem política, recorrem ás notícias plantadas nos jornais, para que as partilhas sejam apenas um pouco mais credíveis, levantam suspeitas sobre a vida dos outros, fazem vídeos em direto como se estivessem apenas a passar por ali, tudo isto sem olhar á sua equipa, ao seu passado e disto eu apenas tenho a dizer que é errado. Mas é errado sempre! Sejam os nossos, ou sejam os outros, é errado! Que importa a vir falar que a justiça deve funcionar depois, se eu procuro apenas penalizar os inocentes já! Qual é evolução ou qual é a novidade se promovemos e perpetuamos o que de mau se fazia antes! A única coisa nova são as ferramentas, hoje fazem isto nas redes sociais e com o impacto que isso permite!
Mas a realidade é simples e factual, não é por eu vir a público dizer que fui ameaçado que me torno uma vítima, não é por eu vir dizer que fui vítima que torno o outro num agressor, não é por vir dizer que fui agredido que torno o outro num criminoso e mesmo que eu dissesse que o outro é criminoso eu não me transformaria num santo! Assim eu pergunto-me, pode um cidadão rever-se numa candidatura que promova a suspeita, a vingança pessoal, incentive á divisão, que procura impor a sua verdade, imponha a sua justiça e acima de tudo que os seus representantes, novos ou velhos, reclamarem em exclusivo para si a virtude e a pureza? Algo está errado nestes princípios e não tem nada que ver com a idade ou geração dos candidatos.
Tenho bem consciente em mim que vida política deve ser um complemento á nossa vida pessoal e social, algo que devemos desempenhar com honra e elevado sentido de responsabilidade! Aos que se autoproclamam representantes de uma nova geração, talvez sejam só uma geração nova, pois seguem um caminho que já todos conhecemos e sabemos que é errado.