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Adriano Quintanilha, o patrão da equipa W52 – FC Porto, falou pela primeira vez esta quarta-feira, no julgamento da operação ‘Prova Limpa’, com 26 arguidos, incluindo ex-ciclistas, e que decorre num pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira e acusou Nuno Ribeiro, o ex-diretor desportivo da equipa de ter mentido quanto ao seu envolvimento no esquema de dopping.

A sessão, que decorre num pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, começou com a audição das declarações de Adriano Quintanilha na fase de instrução, a pedido do seu advogado de defesa. Depois, Adriano Quintanilha quis falar, não sobre as despesas e os pagamentos que está acusado de ter autorizado – alguns das quais para o pagamento se substâncias dopantes –, mas sobre as declarações de Nuno Ribeiro durante o julgamento.

“Quero simplesmente defender-me das acusações que foram feitas a meu respeito. O Nuno Ribeiro falou um dia e meio e não disse uma verdade”, começou por referir, aludindo ao depoimento de Nuno Ribeiro, ex-diretor desportivo da equipa de ciclismo W52 – FC Porto, no qual assegurou que havia doping durante todo o ano na equipa de ciclismo e acusou Adriano Quintanilha, “mestre da manipulação, que queria ganhar a todo o custo”, de ter financiado e incentivado o doping entre os ciclistas.

Ao tribunal, o dono da equipa assegurou que não controlava as contas e os pagamentos, já que tinha pessoas a trabalhar para si que estavam encarregues dessas funções. Negou ter conhecimento do esquema de doping entre os atletas, assegurando que o ciclismo para si era “uma paixão” e que apenas procurava “angariar patrocinadores e contratar os melhores atletas para a equipa”, ficando as decisões a cargo de Nuno Ribeiro, de Hugo Veloso e de Filipe Carvalho, o seu “braço direito”.

Adriano Quintanilha negou ainda ter conhecimento de doping no seio da equipa. “Estive onze anos no ciclismo numa ouvi a mais pequenina coisa. Juro a pés juntos que ainda hoje não sei o que é um saco de sangue”, referiu, recordando que ficou a saber do processo, quando no dia das buscas os ciclistas foram a sua casa pedir-lhe “que confiasse neles”. “Os ciclistas foram a sua casa, reunimos o pelotão e os rapazes pediram-me: não nos abandone, vamos provar que estamos limpinhos. Disseram que era uma perseguição”, frisou, garantindo que acreditou neles, tendo ainda em conta que os resultados dos testes realizados eram negativos. “Convenci-me mesmo que era uma perseguição, perseguição por causa dos resultados”, acrescentou, reforçando que nunca viu nenhuma substância no autocarro e assegurando desconhecer a existência do quarto fantasma, onde eram guardadas as substâncias. ““Sou inocente. Nunca vi uma agulha, nunca vi um comprimido, nunca vi nada. Ia ao autocarro, tomava um café e desejava boa sorte. A única coisa que ouvia pedir lá era água, soro e gel”, afirmou.

Só quando os ciclistas foram à ADoP – Autoridade Antidopagem de Portugal – e confessaram, é que Adriano Quintanilha, disse, ter-se mentalizado de que era verdade. “E a verdade é para se dizer, fizeram muito bem. Mas fiquei muito melindrado com eles porque se tiveram a humildade para irem ter comigo antes, deviam ter tido a humildade de me irem dizer que era verdade antes de irem à ADoP”.

Adriano Quintanilha contou ainda ao Tribunal uma reunião que teve com o presidente do FC Porto, antes das eleições do clube. “Fui chamado ao gabinete do presidente Pinto da Costa, que me perguntou o que se passava. Disse-me que o Nuno Ribeiro ou alguém a mando dele tinha pedido um milhão de euros. Mais tarde, falei com o Nuno Ribeiro para perceber o que se passava e ele respondeu-me que não tinha pedido um milhão, que tinha pedido 500 mil. E eu perguntei porque estava a pedir e ele disse que os ciclistas tinham ido para a ADoP responsabilizá-lo e que não podia ficar com tudo em cima de si”, afirmou Adriano Quintanilha.

Após o depoimento do chefe da equipa, o advogado de defesa de Nuno Ribeiro pediu uma acareação entre Adriano Quintanilha e Nuno Ribeiro, mas o advogado do empresário opôs-se, acabando tal por não acontecer.

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