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Precisamos de Cultura!

Modelo Opiniao

A cultura não é apenas uma expressão: é existência, é resistência, é futuro.

Vivemos tempos em que a democracia, mesmo que consolidada, já não pode ser dada por garantida. Os ventos da intolerância, da desinformação e da apatia social sopram com força, alimentados por discursos simplistas, muitas vezes violentos, que procuram minar os valores do Estado de Direito e da convivência plural. E pergunto-vos: o que resta de uma democracia que deixa a sua cultura ao abandono?

A resposta é clara: resta o vazio. E onde há vazio, entra o medo, a manipulação e forças que querem uma sociedade mais silenciosa, mais cega e mais obediente.

Como escreveu Simone de Beauvoir, “a cultura não é um luxo, é uma necessidade.” E essa necessidade torna-se ainda mais urgente quando vemos crescer em vários pontos da Europa — e também aqui — uma extrema-direita que se alimenta da ignorância, do preconceito e da desvalorização da diferença. O combate a estas forças começa com livros abertos, com teatros vivos, com bibliotecas nas praças, com artistas nas ruas. O combate a estas forças começa com cultura.

Por isso, é que a cultura precisa de estar presente na política e no debate político. Não como instrumento de propaganda, mas como espaço de pluralidade e reflexão. Como garantia de que todos possam imaginar, criar, pertencer e transformar.

A cultura transforma pessoas e transforma territórios. Ela cria novos sentidos de comunidade. Ela reabilita espaços esquecidos. Ela dá a jovens marginalizados, a imigrantes, a pessoas LGBTQIA+ e tantas outras vozes silenciadas, o direito de se expressar e de existir plenamente.

É por isso que, quando falamos de investimento em cultura, não falamos de gastos. Falamos de investimento na dignidade das pessoas, na inclusão, na igualdade, na coesão territorial e social. Devemos olhar a cultura como o único bem da humanidade que, dividido por todos, em vez de diminuir, torna-se maior.

Ao longos dos últimos anos, temos assistido a uma preocupação do atual executivo camarário em dar a experienciar cultura aos nossos munícipes em Paços de Ferreira. Não falo só nos eventos de cariz mais popular, mas falo também naquilo que é a promoção do teatro e dos grupos de teatro locais através da Mostra de Teatro Amador, que permite a troca de experiências entre amadores e profissionais; refiro-me às atividades de leitura promovidas pela Biblioteca Municipal; à Feira do Livro que, em cada ano, se torna mais eclética e com conversas e debates com autores de referência no mundo literário nacional e internacional. Proporcionar o contacto com a música mais erudita, como foi exemplo o Requiem de Verdi apresentado na Igreja de S. Salvador em Freamunde no final do ano passado. As diversas exposições de arte organizadas no Museu Municipal e Parque Urbano de Paços de Ferreira; a criação do Observatório Cultural José Carlos Vasconcelos e, obviamente, o programa cultural do município aquando dos 50 anos do 25 de abril, com excelência e diversidade, uma referência a nível nacional.

Mas, não pensem que o trabalho está longe de estar concluído (como se alguma vez, em cultura, isso pudesse acontecer!). Cada vez mais temos uma sociedade que nos exige e quer mais e melhor. O atual executivo municipal deu início a um caminho longo que agora temos de percorrer, sem medos, na certeza de que:

Se queremos uma sociedade mais igual, precisamos de cultura.

Se queremos mais participação cívica, precisamos de cultura.

Se queremos combater a alienação e o extremismo, precisamos de cultura.

Se queremos preservar a nossa identidade, mas também abrir-nos ao mundo, precisamos de cultura.

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