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Ruas paradas, lojas fechadas e empresas a antecipar o período de férias. Depois do aparecimento de dois casos confirmados de coronavírus em Paços de Ferreira e Penafiel, as duas cidades estão irreconhecíveis.

Com 331 casos confirmados em Portugal e 2908 suspeitos, o Covid-19 fez esta segunda-feira a sua primeira morte – um homem de 80 anos que tinha outras patologias associadas não resistiu ao vírus e acabou por falecer no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Para Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, o número de óbitos vai certamente aumentar, porque a morte “faz parte da história da doença”, que tem uma taxa de mortalidade superior aos 2% em todo o mundo.

Ainda que a região de Lisboa e Vale do Tejo tenha superado o Norte no número de casos confirmados, com 142 infetados, a região está em alerta e quase nada é como antes do coronavírus.

As cidades de Paços de Ferreira e Penafiel não escaparam ao padrão e assistiram a uma série de mudanças para tentar travar o progresso do coronavírus, que vai certamente deixar marcas a vários níveis, nomeadamente na indústria.

“Se o Governo não anunciar mais apoios, grande parte das empresas pode vir a fechar portas”

O IMEDIATO esteve à conversa com Rui Carneiro, presidente da Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF). A entidade enviou esta segunda-feira um questionário às empresas do concelho para averiguar os impactos do coronavírus.

“Pelo que conseguimos averiguar através do inquérito, cerca de 50% das empresas já fechou por 15 dias. Além do medo de contágio, os mercados de França e Espanha, que representam cerca de 60% da produção, estão fechados, o que faz com que o nosso também vá fechando”, explicou Rui Carneiro.

Segundo o presidente da AEPF, nos últimos dias várias encomendas têm vindo a ser canceladas, algumas das quais já prontas a enviar, de forma que as empresas pacenses não iam continuar a produzir sem clientes.

Assim, durante os próximos 15 dias, uma grande fatia da indústria de Paços de Ferreira vai estar de portas fechadas. De acordo com Rui Carneiro, a maioria das empresas negociou com os seus trabalhadores uma antecipação do período de férias, enquanto outras estão a atribuir apoios.

Contudo, para o representante dos empresários de Paços de Ferreira, o período é muito pequeno para travar o progresso do vírus e para os mercados recuperarem – e mesmo assim já é demasiado para as empresas aguentarem, com pagamento de salários e impostos.

Segundo Rui Carneiro, os empresários do concelho estão muito preocupados com a situação e alguns negócios podem vir a ter de fechar portas se a pandemia não mostrar sinais de diminuição e o Governo não anunciar mais apoios.

“Estamos todos um pouco perdidos. Sinceramente acho que alguns negócios podem não sobreviver a esta crise, dependendo do tempo que vai demorar. Se a situação se arrastar até maio, acredito que há negócios no concelho que podem vir a fechar”, considerou o presidente da AEPF.

Aos seus olhos, os apoios anunciados pelo Governo de António Costa são “muito poucos” e a indústria precisa de mais ajudas. Para tal, a Associação Empresarial vai estudar e pedir mais apoios, como adiar pagamento de impostos ou baixar o valor que as empresas têm de pagar para a Segurança Social.

Paços Ferrara Hotel sente quebra na ordem nos 90%

Segundo Rui Carneiro, também o comércio local do concelho sentiu o efeito do coronavíus, com cerca de metade das lojas fechadas, enquanto outras reduziram o seu horário ou funcionam à porta fechada. O centro comercial passou a funcionar das 12h às 20h, com várias medidas de segurança.

“Na restauração, mais de 80% dos estabelecimentos em Paços de Ferreira estão fechados. A maioria das salas estão fechadas, o que ainda vai funcionando é a entrega ao domicílio”, adiantou Rui Carneiro.

O Paços Ferrara Hotel, situado na Avenida 1º de Dezembro, em Paços de Ferreira, não escapou a esta crise na procura no setor da hotelaria e restauração. Ao IMEDIATO, a gerência do estabelecimento adiantou que está a sentir uma quebra na ordem dos 90%, com bastantes cancelamentos de reservas.

Ainda que o restaurante Aidé tenha encerrado, o hotel continua em funcionamento, pelo menos até quarta-feira, quando se vai saber se o país vai entrar em estado de emergência.

“Os clientes estão cada vez mais preocupados. Neste momento temos três hóspedes e fechamos o restaurante por tempo indeterminado, esteve vazio nos últimos dias. Até o take-away teve uma quebra enorme”, informou a equipa do hotel.

Cidade de Penafiel está deserta

Em Penafiel, o cenário não é muito diferente de Paços de Ferreira. Com dois casos de confirmados no concelho, mas sem novos desde sexta-feira, a cidade está deserta.

 As ruas estão vazias, muitos estabelecimentos comerciais estão encerrados por tempo indeterminado, sendo que as pessoas tentam cumprir o distanciamento social pedido pelas autoridades.

Tal como o IMEDIATO noticiou, o Tribunal de Penafiel está a funcionar pelos mínimos, apenas trabalhando processos urgentes relacionados com direitos fundamentais dos cidadãos.

 Já a Clínica Médica Arrifana de Sousa anunciou que vai manter o serviço permanente na cidade de Penafiel até às 24h, “assim como as consultas consideradas urgentes em várias especialidades”.

Em comunicado, a clínica referiu que também vai manter o serviço de análises clínicas e serviço de Imagiologia (RX, ECO, TAC, RMN) em Penafiel, bem como o serviço de análises clínicas (também disponível em Paredes, Marco de Canaveses, Alpendurada e Vila Meã).

A Medicina Física e de Reabilitação mantem-se em atividade em Penafiel, Paredes, Marco de Canaveses e Alpendurada para os doentes considerados agudos.

Contudo, a entidade referiu que em Lousada apenas vai passar a haver “atendimento a doentes sinistrados”.

“Toda esta atividade é feita impondo regras de proteção e segurança apertada para os diversos intervenientes. Esta situação pode ser alterada a qualquer momento em função de diretivas que possam surgir das autoridades de saúde”, referiu a clínica.

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