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Manuel Alegre chegou a Penafiel esta quarta-feira, para abrir oficialmente o Escritaria, um festival literário que acontece até domingo, dia 27, na cidade, em sua homenagem.

Aos jornalistas, o poeta da liberdade afirmou estar “muito honrado por ser uns dias cidadão de Penafiel” e agradeceu o “contributo excecional” que o município tem dado, a cada edição do evento, à literatura e à cultura nacional. “Ao fazer isto, Penafiel está a ocupar um espaço que está vazio e que não devia estar vazio”, afirmou, criticando o facto de se ler menos literatura e de se ver, nas livrarias, poucos livros de escritores e poetas portugueses.

“Estamos todos em dívida para com esta iniciativa de Penafiel. Hoje eu, mas todos os escritores portugueses”, declarou.

Afastando a ideia de ser o “poeta da liberdade”, por força dos dois livros que escreveu nos tempos da ditadura, que lhe valeram a censura e perseguições, Manuel Alegre afirmou ser “muito mais do que isso”. “Tenho outros livros que do ponto de vista poético têm outra dimensão, que colocam outras questões sobre a vida, a morte, sobre quem somos” afirmando, manifestando-se “orgulhoso” por também ter sido um poeta da liberdade.

À chegada, Manuel Alegre ouviu poemas seus, serem declamados por um grupo de teatro. Visitou a arte pública que contamina a cidade, alusiva à sua vida e obra. “É reconfortante ver-me na cidade. Já tive vários reconhecimentos, mas este palpita mais, porque vai junto das pessoas”, exclamou.

Durante estes dias do evento, Manuel Alegre vai contatar com as pessoas, vai visitar escolas. Vai ser a figura central de conferências, de atuações teatrais, de momentos musicais. “Estar aqui hoje tem um significado pessoal maior, em terras tão distantes, onde as pessoas estão afastadas dos grandes centros. São estas coisas que me tocam. O grande reconforto é saber que fui lido, o prémio maior são os meus leitores”, frisou, afirmando mais uma vez a importância do evento, “que marca a cultura nacional”.

“Escolha consensual”, afirmou Antonino de Sousa

Além da dinâmica em torno de Manuel Alegre, a edição deste ano do Escritaria envolve a comunidade mais desfavorecidas, os bairros sociais, “com uma apresentação artística concretizada pelos habitantes do bairro Fonte da Cruz, que pretende levar a literatura e o Escritaria aos bairros sociais a essa população que tem estado mais afastada do evento”, afirmou Antonino de Sousa, destacando ainda a estreia em Penafiel, do filme sobre Eça de Queirós, do tempo em que foi cônsul em Havana.

Quanto questionado sobre a escolha de Manuel Alegre para contaminar a cidade na edição de 2019, Antonino de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Penafiel, afirmou que foi uma escolha consensual entre a organização, a Câmara. “Não tínhamos tido ainda nenhum nome grande da literatura mais dedicado à poesia e o universo poético ainda não tinha estado presente em nenhuma das edições anteriores. Nessa medida o Manuel Alegre é um dos grandes nomes do universo poético da lusofonia e por isso cá estamos, muito felizes por ter aceite este nosso convite”, rematou o autarca Antonino de Sousa.

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