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Fadista Cristina de Sousa lança primeiro disco “As Rosas São Amor”

Cristina de Sousa1

A fadista penafidelense Cristina de Sousa vai lançar o seu primeiro trabalho discográfico amanhã, dia 8 de novembro. “As Rosas São Amor” é a concretização do sonho da artista, que descobriu o fado aos 22 anos e desde então se dedica de corpo e alma à música, a ponto de ter colocado de lado a sua atividade profissional enquanto professora do primeiro e segundo ciclo do ensino básico.

Em entrevista ao Jornal IMEDIATO, Cristina de Sousa falou deste seu primeiro trabalho, assim como das suas inspirações e projetos para o futuro.

 

– Vai lançar o seu primeiro disco, mas a paixão pela música e pelo fado já é antiga. Quando surge esta paixão? Surge por influência de alguém?

Gosto de música e de vários géneros musicais desde que me lembro, mas só tive consciência que tinha algum talento para cantar aos 16 anos. A Câmara Municipal de Penafiel promovia concursos de talentos nas freguesias e eu ia assistir aos ensaios dos meus amigos que iam participar. Como me via sempre lá, o Sr. Nicolau que era o responsável pela produção desafiou-me a cantar também. A minha ligação ao canto tem início aí.

O fado, ao contrário do que é mais comum, descubro-o apenas aos 22 anos e só me “acontece” quando me convidaram para fazer parte de uma noite de fado na minha terra, porque sabiam que gostava de cantar. Não sabia nenhum fado, nenhum tom, mas aceitei o desafio, fui pesquisar e ouvir para me preparar. Naquela noite, tudo fez sentido, a minha alma encontrou “casa” e senti que era por ali o meu caminho.

Entretanto participei na 7.ª grande gala de fado do Porto em 2013, no Teatro Sá da Bandeira e no ano em que estou a escrever a tese de mestrado sinto falta de cantar e começo a frequentar a Casa da Mariquinhas todas as quintas-feiras, religiosamente, pois era o dia em que podia cantar quem não fosse do elenco. Desde então o fado foi-me acontecendo.

– Quem inspira a Cristina fadista?

Desde que comecei a estudar mais sobre fado é impossível não descobrir grandes fontes de inspiração como Amália Rodrigues, Beatriz da Conceição, Fernanda Maria, Maria da Fé, Max, Fernando Maurício. Podia dizer dezenas de nomes fadistas inspiradores. Todos eles têm em comum o amor à arte, à força das palavras, à poesia.

– A Cristina é professora e recentemente deixou o ensino para se dedicar a este projeto. Foi uma decisão difícil?

Durante alguns anos fui conseguindo conciliar as duas coisas, mas há um ano e meio, sensivelmente, decidi largar esse lugar supostamente confortável e não estragar os planos que a vida tinha para mim. Queria muito gravar e continuar a cantar e não estava a conseguir ter o tempo, a doação e a energia necessária para cantar todos os dias.

Foi difícil, a mudança é difícil, mas a decisão não foi tomada de ânimo leve. Fui preparando a minha saída ao longo dos anos, foi um caminho longo de muito trabalho, amor, resiliência e esta pausa foi na altura certa.

– É da música que a Cristina quer viver?

Eu penso que esse não é o caminho, mas uma consequência. No meu entender, um artista é que deve servir a arte e não se deve servir dela. Quando se faz música a única coisa em que se pensa é na arte e não na possibilidade de viver dela. Mas obviamente que com muito trabalho, amor e dedicação esse benefício acaba por surgir.

E sinto-me muito privilegiada por poder fazer o que gosto e esta ser, agora, a minha “estranha forma de vida” a tempo inteiro.

– Este primeiro disco é um sonho concretizado?

Sim. Foi um disco muito desejado, muito pensado e o materializar de anos de amor e dedicação.

– De que trata o disco e quando começa a ser trabalhado?

A primeira história de amor que ouvi foi “O milagre das rosas” que me foi contada pela minha ama, a tia Isabel (tia da minha avó materna), a quem carinhosamente chamava “Titi”. A Titi partiu ainda era eu criança, mas muito do que sou deve-se também ao amor que me tinha. Ela era devota da rainha Santa Isabel (Isabel de Aragão), adoração essa que me transmitiu também.

Esta lenda representa, talvez, o amor mais urgente, o amor ao outro.

O amor em todas as suas formas é, de facto, o sentido da vida!

No disco conto estórias de amor de forma livre fervorosa, desassossegada e vulcânica.

“As rosas são amor” foi o nome que mais me fez sentido dar-lhe.

As rosas são símbolo de paixão, energia, determinação, força, sensibilidade, humildade, paz, esperança, equilíbrio, foco, imaginação, idealização, muito necessários na realização de um disco e na vida!

Este disco foi sonhado há muito tempo, mas começou a ser trabalhado no início de 2020. Convidei o André Miguel Santos para produtor depois de trabalhar com ele num projeto chamado “Florbela Espanca – O fado” e começamos a traçar o caminho. Eu sabia os autores que queria, sabia o que queria dizer e o que queria pedir a cada um deles, nunca imaginei, confesso, que fossem aceitar. O André orientou-me em todo o processo e fez a ponte com muitos deles e juntos construímos este “As Rosas São Amor”. O disco é composto na íntegra por novos poemas que casam com melodias do universo do fado tradicional, mas também com músicas compostas exclusivamente para mim. O leque de letristas e compositores é eclético e fazem parte dele: Amélia Muge, André M. Santos, António Laranjeira, Carlos Leitão, João Monge, Jorge Benvinda, Pedro Fernandes Martins, Pedro da Silva Martins, Samuel Lopes e Tiago Torres da Silva.

– Vai ser apresentado publicamente em Penafiel?

Sim. É o que me faz mais sentido, os dois vídeos dos primeiros singles a saírem do disco também foram gravados na minha cidade. Estamos em fase de organização do concerto de apresentação e em breve divulgarei novidades.

 – Que projetos tem a Cristina para o futuro? Até onde gostaria de levar o seu trabalho?

Quero muito cantar este disco ao vivo, conhecer novos palcos, viver e sentir tudo o que ele me possa trazer e continuar a cantar e a pensar em novos disco

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