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Em plena época de Páscoa, as celebrações pascais vão ter este ano uma vivência diferente da habitual, por força do Estado de Emergência em que o nosso país foi colocado.

Com as portas das igrejas fechadas, as eucaristias suspensas, também o Compasso Pascal, tradição tão enraizada nas nossas comunidades cristãs, fica este ano sem efeito.

Apesar deste distanciamento a que as pessoas estão sujeitas, a Igreja apela a que não se perca a Fé e que cada um se aproxime da Igreja, pelos meios hoje disponíveis.

D. Manuel Linda, Bispo do Porto, deixa aos leitores do Jornal IMEDIATO uma mensagem de “confiança e esperança” num futuro melhor, que dependerá de todos e que será, como já o foi no passado, ultrapassado.

Como deve a comunidade neste momento aproximar-se da Igreja e de Deus e não perder a Fé, num momento de dificuldades, em que as igrejas estão encerradas e as celebrações suspensas?

No princípio da nossa história religiosa, não havia igrejas nem capelas. Era na intimidade das casas das famílias que as pessoas se formavam – hoje diríamos: se evangelizavam- celebravam o culto e se dispunham ao exercício da caridade cristã. E essa foi uma época áurea, que recordamos com nostalgia.

Por motivos que sabemos, esta Páscoa de 2020 obrigar-nos-á a esta «refontalização». Será uma forma de as famílias se darem conta das suas obrigações religiosas e não caírem na tentação de transferirem para «o Padre» ou para a Paróquia toda a responsabilidade inerente ao campo da fé. Esse dever começa na família e nela tem de estar sempre presente. Se não, rigorosamente não é família cristã.

Claro que, nesta Páscoa, faltará um dado que para nós conta muito e nada pode substituir: a noção de povo de Deus, comunidade que se reúne fisicamente para celebrar o culto divino. Mas os modernos meios de comunicação permitem, ao menos, que as pessoas se sintam «irmanadas», pois podem seguir as celebrações em direto.

Qual a mensagem que deixa às pessoas para ultrapassar este momento?

Confiança e esperança. Mesmo as pessoas que não tenham fé devem dar-se conta de que a história conheceu pestes, epidemias, guerras e desastres piores que este. E, não obstante toda a dor e todo o sofrimento… sobreviveu-se. E agora, se Deus quiser, a ciência encontrará cura, coisa impossível de sonhar noutros tempos.

Quem tem fé deve olhar para a história de vida de Jesus Cristo: Ele passou por uma terrível Sexta-feira Santa, o dia da sua morte. Como expressão visual dessa imensa dor, o Evangelho diz que, em pleno meio dia, “o sol se eclipsou e a terra se cobriu de trevas e escuridão”. Não obstante, este acontecimento não foi o fim. A última palavra da história aconteceu três dias depois: são os aleluias da Páscoa florida. É a Vida em plenitude! Não se perca a esperança e a fé!

Como devemos celebrar a Páscoa este ano?

Em família, aproveitando a ajuda que nos dão as plataformas da comunicação nacional e local. Unindo-nos intimamente ao que se celebra em cada um dos dias do tríduo pascal (na quinta, a instituição da Eucaristia; na sexta, o julgamento e a morte do Senhor; no Sábado, o silêncio do sepulcro). Tomando consciência de que todos nós, ricos e pobres, dirigentes e dirigidos, pelas nossas forças, não vamos longe. Precisamos de um Salvador que nos dê a mão. E, para nós, como diz o Apóstolo, “não há outro nome que nos possa salvar que não seja o Senhor Jesus Cristo”.
Boa Páscoa!

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