Saudade/Contra o medo… esperança!

O endurecimento do discurso de Putin, a ameaça nuclear, a ordem de mobilização parcial, os consequentes protestos nas ruas, a fuga em massa para outros países, os pretensos referendos em zonas ocupadas da Ucrânia… Tudo isto leva a uma pergunta de partida para um debate que é: Até onde chegará esta guerra?

A decisão de escrever este texto, hoje, tem a ver com a mais recente eleição de Giogia Meloni em Itália e, mesmo que eu não saiba exactamente se ela é mesmo fascista, parece-me fácil poder dizer que ela é, no mínimo, perigosa.

Recordo que ser fascista é desejar a destruição da democracia e, ser perigosa, como referi, é ter ideias radicais como ela tem e que por isso poderá vir a levantar problemas. Vejamos o que vai acontecer em Itália e, se recordarmos que nesse país maravilhoso, os governos até são de curta duração, este poderá ser mais um que não provocará grandes estragos.

Voltando a Putin e à sua mais recente loucura de poder vir a carregar nos botões para um duro desastre nuclear, sublinho as mais recentes imagens que mostram a chamada e inclusão forçada de homens para uma guerra sem sentido, que, como outras, tantas, não tem justificação…

No mesmo contexto, outro ou outros disparates, outra ou outras loucuras impossíveis de aceitar: Como é possível conceber que o “chefe” da igreja ortodoxa desse país comandado por Putin, anuncie perdoar a todos os que matam na Ucrânia? Erradamente, anuncia-se o perdão dos pecados para todos os russos que cometam atrocidades. Como é isso possível? É isto a guerra? É isto aceitável num mundo que deverá ser livre e justo no século XXI? Como é possível temer ou acreditar nestes princípios loucos, supostamente religiosos? Que regras são essas que abalam alguma hipótese de fé?

Ainda, relacionado com este tema, não resisto a procurar no texto de Saramago (que todos deveríamos estar a celebrar nesta altura!) algumas palavras para este tema.

Saramago, doente, deixou escritas 30 páginas de um livro que iria agitar consciências. Sobre a guerra! Quis terminar com umsa reflexão sobre a monstruosidade da violência e a falta de sentido da guerra… Adoptou um paralelo entre o funcionamento de uma fábrica de armas e os cidadãos do século XXI. E uma enorme indiferença perante o tipo de armas que se fabricam porque a sociedade, hoje, não é a ideal…

O texto deste livro de Saramago, “Alabardas”, publicado após a sua morte, traduz a urgência de escrever sobre a falta de bom senso da guerra e o desinteresse dos cidadãos. Há, neste livro, imensas pequenas sínteses sobre o tema e a constatação de que o “álcool e a droga podem matar, mas a obsessão pelas armas mata duas vezes.” É um livro com ilustrações e frases importantes, relacionadas com a guerra… Frases e ilustrações que fazem pensar… Esse também foi o objectivo de Saramago!

Se fosse vivo, estaria, de certeza, chocado com a Rússia, com o Irão, com o Paquistão… Com todos os países onde se mata covardemente. Ele, como nós, homens e mulheres conscientes e sensíveis, que sentem e estremecem com a dureza das imagens e as atitudes covardes que, supostamente, ousam tentar justificar os imensos erros da guerra…

Como eu, imensas mulheres e homens odeiam Putin. Como eu, imensa gente consciente, amante da justiça e da liberdade, sente que os riscos aumentam quando o Fascismo parece voltar como praga para os dias que correm e que perturbam o nosso bem estar. Como eu, milhares de seres humanos odeiam a Guerra. Odeiam Putin e todos os que circulam no seu meio.

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