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A linguagem é um meio de comunicação. A linguagem tem um carácter simbólico, mas também político. Neste sentido a linguagem não é somente relacional, é também diabólica, pois torna capaz a inimizade e a ofensa.

Hoje a violência física não é, de um modo geral, admissível, existindo interesse geral na violência linguística. Toda a violência de linguagem que se refere à difamação, descrédito, degradação e desautorização é uma violência da negatividade. O outro é negado num esquema   imunológico amigo /inimigo.

Hoje a hipercomunicação gera uma spamização da linguagem e da comunicação. Spam que vai além do sentido estrito da palavra já que surge de práticas como microblogging, ou seja, com o uso das redes sociais. Estas podem servir para escapar ao poder de controlo, podendo desempenhar um papel construtivo, através da tal negatividade.

No entanto, a sociedade Ocidental dos nossos dias caracteriza-se pela positividade. Esta positividade desenvolve-se num tipo de linguagem que, muitas vezes não parecendo, já não é bem contra o outro, é mais a ampliação daquilo que alguns autores chamam do eu-sou, hipertrofiado. De onde se percebe que a rede acaba por ser um espaço ilimitado de expansão deste eu-sou. Expansão que torna a comunicação em acumulação. Do mesmo modo a informação, aquela que toma uma forma, deixa de a ter e passa a ser deformativa.

Na rede todos procuram a atenção do outro, em vez de dele se defender ou demarcar. Tenta marcar o seu espaço como fazem vários animais, através da entropia que a hipercomunicação gera na comunicação: lixo comunicacional e linguístico. Não há uma exposição directa ao outro.Tweeta-se, publica-se no Facebook, no instagram, comenta-se, mas o outro quando vê a sua exposição de algum modo contrariada, desliga o negativo  e continua a sua exposição para o positivo. Agradar é o mandamento.

A comunicação gera proximidade, mas não automaticamente mais proximidade. A ultra proximidade transforma-se a partir de algum momento em indiferença sem distância, isto é, destrói qualquer proximidade que pudesse estar mais perto do que a ausência da distância. A massificação, o excesso de positividade, acarreta um embrutecimento e uma dispersão, uma solidificação da perceção, que a torna cega perante as coisas modestas, tranquilas, discretas. Como dispõe Serres:

“As imponentes letras e imagens impelem-nos a ler, enquanto as coisas do mundo imploram-nos sentido e dotação de sentido”.

A atual sobreprodução e hiperacumulação transcende o valor do uso e vai para além da relação entre meios e fins. Os meios já não têm fronteiras, a sua delimitação nos seus fins. A massa da comunicação gera uma violência particular, a violência da positividade, que dispersa, embrutece e paralisa.

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