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No início da série filmada turca, com o título, para Portugal, de “Ethos”, podemos assistir a uma consulta de psicologia a uma jovem que aparenta ser profundamente religiosa e tradicionalista que se apresenta praticamente “tapada”, com um lenço na cabeça. Ao longo da entrevista, ela foge a temas que possam fazer transparecer o desejo, portanto, a qualquer coisa potenciadora de pecado. No seu discurso transmite uma dependência não só religiosa, mas sobretudo, de toda a categoria de crenças tradicionais. A psicóloga sente-se um pouco impotente em penetrar naquilo que ela, de forma preconceituosa, considera como uma fortaleza que não está de acordo com os dias de hoje. Disso dá conta numa sessão de terapia, em que a consultada é ela própria. O seu discurso desenrola toda uma série de preconceitos e estereótipos sobre o tipo de mulher que ela consultara. Segundo ela, essas mulheres apesar de poderem ser inteligentes eram vítimas do ambiente pobre em que vivem que, apesar de tudo, é maioritário naquele país, a Turquia: “Esta gente olha para nós como se estivéssemos num aquário”. Acaba esta sessão de terapia e ao deixar o consultório da psicóloga que a consultara, observa uma mulher, na sala de espera, com aparência semelhante à que ela própria consultara: uma mulher toda “tapada” com a cabeça coberta por um lenço. É a irmã de quem a consultou… o estereótipo do ambiente pobre ruiu. Ainda por cima numa cena subsequente, essa mulher toda “tapada” dentro de um carro de alta gama, mostra não ser submissa ao seu marido.

Este conjunto de cenas traz-me à memória uma passagem do filme “O sorriso da Mona Lisa”. Um filme em que Julia Roberts desempenha o papel de uma professora de arte progressista num colégio feminino para classe alta. A educação, neste colégio, muito tradicional, destina-se a formar esposas inteligentes para tomarem conta do lar constituído pelo marido e filhos. A passagem de que falo é aquela, muito próxima do fim da longa-metragem, em que a professora de arte acorre com um voluntarismo feminista exacerbado a casa de uma das mais brilhantes alunas, a qual fora admitida em Harvard, mas que ficou em casa com o marido. Confrontada com a situação, a aluna responde, com um sorriso, que se tratou de uma opção pessoal, que queria ver os seus filhos a crescer, acompanhar o seu marido na sua carreira, expressar o seu papel feminino enquanto mãe e esposa.

Trago estes dois exemplos não para atacar o feminismo, mas para sublinhar algo que este “ismo” parece esquecer: antes de mais que como ser humano cada mulher é um individuo como qualquer homem, cuja igualdade só existe no que toca a direitos e deveres. De facto, uma mulher não é um homem, percebendo-se mal porque o quer ser, já que no feminismo, muitas vezes já não está em causa a questão dos direitos, mas uma atitude em que as mulheres têm que possuir as mesmas funções que eram tradicionalmente atribuídas aos homens… mas apenas as de topo: CEO, política, governante, presidente, etç. Escapa, a este tipo de corrente, o lado feminino tão necessário ao equilíbrio das comunidades e, porque não da sociedade em geral. E, pior, que a mulher tem direito a escolher o seu caminho e que de forma alguma se pode sentir diminuída se optar por uma vida dedicada, por exemplo, à família. Porque é que a mulher tem de copiar aquilo que durante tanto tempo criticou no homem e que tanto a fez sofrer? Por vezes, parece haver confusão entre libertação e libertinagem. Morro a defender a primeira, abomino a segunda. Ser mulher no sentido feminino é algo de uma beleza ímpar, independentemente da sua escolha, porque não assumir esse lado? A beleza que se quer para o mundo agradeceria!

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